Americano Robert Prevost é eleito novo papa e escolhe o nome Leão XIV

Pontífice foi anunciado ao mundo da sacada da Basílica de São Pedro após quatro votações; considerado moderado e com perfil global, ele recebeu cidadania peruana em 2015

Novo papa Leão 14 aparece na varanda da Basílica de São PedroImagem: Vatican Media/8.mai.2025-Reprodução de vídeo

A Igreja Católica tem um novo líder: o americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito papa nesta quinta-feira (8), após quatro rodadas de votação no conclave iniciado ontem no Vaticano. O anúncio foi feito do balcão central da Basílica de São Pedro pelo cardeal protodiácono Dominique Mamberti, que, em latim, declarou:
"Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam!"
("Anuncio-vos uma grande alegria: temos um papa!")

O novo pontífice escolheu o nome Leão XIV, em referência a uma linhagem de papas marcada por momentos de transição e moderação na história da Igreja. A fumaça branca que confirmou a eleição saiu pela chaminé da Capela Sistina às 13h07 (horário de Brasília), indicando que o cardeal norte-americano atingiu os dois terços necessários — ao menos 89 votos entre os 133 cardeais votantes.

Quem é Robert Prevost?

Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Prevost formou-se inicialmente em matemática, mas decidiu seguir a vocação religiosa aos 22 anos. Ingressou na ordem dos agostinianos e foi enviado para uma missão no Peru em 1985, país onde viveu por quase uma década.

O vínculo com a América Latina se aprofundou: em 2014, Prevost retornou ao Peru e obteve cidadania peruana no ano seguinte. Essa experiência em uma região com grande população católica e desafios sociais complexos é vista como um de seus diferenciais no Colégio de Cardeais.

Prevost é conhecido por seu perfil pastoral, conciliador e poliglota. Especialistas o descrevem como um “moderado construtor de pontes”, com ampla capacidade de diálogo e gestão, características que pesaram na escolha de seu nome. Ele também já ocupou cargos importantes na Cúria Romana, o governo central da Igreja, o que demonstra experiência na articulação interna do Vaticano.

Primeiras palavras e bênção “Urbi et Orbi”

Após o anúncio, Leão XIV apareceu pela primeira vez na sacada da Basílica de São Pedro, vestindo a batina branca papal e com a cruz peitoral visível, sob aplausos emocionados da multidão. Mais de 20 mil pessoas estavam reunidas na Praça São Pedro, muitos segurando bandeiras e chorando diante do momento histórico.

O novo papa saudou os fiéis e concedeu sua primeira bênção “Urbi et Orbi” — à cidade de Roma e ao mundo. Ainda não foi divulgado o conteúdo completo de seu primeiro discurso, mas fontes no Vaticano indicam que ele deve reforçar temas como fraternidade, escuta global e continuidade das reformas iniciadas por seu antecessor.

O conclave e a votação

A eleição de Leão XIV aconteceu de forma relativamente rápida. Foram apenas quatro escrutínios — dois na tarde de quarta-feira e dois na manhã desta quinta. Nas últimas décadas, a escolha de um novo pontífice geralmente exigia dois a quatro dias de votação, o que torna a rapidez deste conclave um indicativo de consenso interno sobre o nome de Prevost.

Como de praxe, não foi revelado o número exato de votos que ele recebeu, apenas que superou o mínimo exigido. Os votos são feitos manualmente em cédulas depositadas numa urna e, após cada rodada, as cédulas são queimadas — gerando a famosa fumaça preta (sem papa) ou branca (com papa).

Sete cardeais brasileiros participaram da eleição:

  • Dom Paulo Cezar Costa (57 anos)

  • Dom Leonardo Ulrich Steiner (74)

  • Dom Odilo Scherer (75)

  • Dom Jaime Spengler (64)

  • Dom Sérgio da Rocha (65)

  • Dom Orani Tempesta (74)

  • Dom João Aziz (77)

Sucessão e expectativa

Leão XIV sucede o papa Francisco, que se tornou o primeiro pontífice latino-americano da história e cujo pontificado foi marcado por abertura ao diálogo, descentralização e atenção às periferias sociais e geográficas da fé católica.

A escolha de Prevost, que representa tanto os Estados Unidos quanto a América Latina, sinaliza um compromisso de continuidade com perspectiva global, mas com possível fortalecimento da presença norte-americana no alto clero.

Agora, resta saber como será seu estilo de governo e quais temas ele escolherá priorizar diante dos desafios da Igreja no século 21: crise de vocações, escândalos de abuso sexual, papel das mulheres na estrutura e o diálogo com a ciência, juventude e as periferias.

Fonte: UOL

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem