Copom interrompe cortes e mantém juros básicos em 10,5% ao ano

Marcello Casal Jr - Agência Brasil

A recente alta do dólar e o aumento das incertezas econômicas levaram o Banco Central (BC) a interromper os cortes na taxa de juros iniciados há quase um ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 10,5% ao ano. Essa decisão já era antecipada pelos analistas financeiros.

Histórico de Reduções

Antes desta decisão, o Copom havia reduzido a Selic sete vezes consecutivas. A última reunião em maio mostrou uma desaceleração no ritmo de cortes, passando de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto percentual. Agora, com a interrupção dos cortes, o Copom justificou que a alta da inflação doméstica e o cenário global incerto exigem mais cautela.

Motivos da Decisão

Em comunicado, o Copom mencionou que os indicadores econômicos e do mercado de trabalho mostraram um dinamismo maior do que o esperado. Apesar de uma trajetória de desinflação, as medidas de inflação subjacente estavam acima da meta, necessitando uma abordagem mais moderada na política monetária.

A taxa Selic atual é a mais baixa desde fevereiro de 2022, quando estava em 9,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o BC aumentou a Selic 12 vezes seguidas para conter a alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis. A taxa permaneceu em 13,75% ao ano até agosto de 2023, quando começou a ser reduzida.

Impacto da Pandemia

No auge da pandemia de covid-19, o BC reduziu a Selic para 2% ao ano, o menor nível histórico, para estimular a economia. Essa política de estímulo durou de agosto de 2020 a março de 2021.

Controle da Inflação

A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio, o IPCA subiu para 0,46%, puxado pelo aumento dos preços dos alimentos após as enchentes no Rio Grande do Sul. Com isso, o IPCA acumula alta de 3,93% em 12 meses, afastando-se da meta de 3% com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Previsões e Expectativas

O último Relatório de Inflação do BC, divulgado em março, previa que o IPCA terminaria 2024 em 3,5%. Entretanto, essa estimativa foi feita antes da alta do dólar e das enchentes. O próximo relatório, a ser divulgado em junho, poderá ajustar essas previsões.

O boletim Focus, que compila expectativas do mercado, estima que a inflação oficial fechará o ano em 3,96%, ainda dentro do limite da meta. A projeção de crescimento do PIB para 2024 é de 2,08%, levemente acima da estimativa do BC de 1,9%.

Efeitos da Selic na Economia

A redução da Selic tende a baratear o crédito, incentivando produção e consumo, mas pode dificultar o controle da inflação. A Selic é usada como referência para as demais taxas de juros da economia, afetando negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).

Conclusão

A decisão do Copom de manter a Selic em 10,5% ao ano reflete a necessidade de equilíbrio entre estimular a economia e controlar a inflação. A abordagem cautelosa visa garantir que os preços permaneçam sob controle, mesmo diante de um cenário econômico incerto e desafiador.


Fonte: Agência Brasil

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