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Desde a pandemia, montadoras perceberam que carros de volume não são rentáveis Imagem: Roosevelt Cassio/Reuters |
Os números do mercado refletem essa mudança. Enquanto o objetivo atual é fechar o ano com 2 milhões de automóveis vendidos, em 2019 foram emplacados 2,6 milhões. O ranking dos carros mais vendidos também evoluiu, com uma presença maior de SUVs e menos modelos "baratos."
Durante a pandemia, a falta de peças forçou as montadoras a priorizar modelos mais caros e rentáveis, uma lição que se mostrou eficaz. Além disso, o aumento nos preços das matérias-primas, como aço e alumínio, aliado às exigências legais crescentes, contribuiu para a mudança de estratégia.
Cassio Pagliarini, consultor automotivo, destaca que a inflação de commodities, precificadas em dólar, impactou os custos dos carros. Além disso, as crescentes exigências legais, como o Proconve para emissões e medidas de segurança, influenciam diretamente nos preços e na oferta de modelos.
Ricardo Bacellar, fundador da Bacellar Advisory Boards, observa que a antiga estratégia de lucrar pouco nos carros mais baratos para compensar na quantidade de vendas foi prejudicada pela pandemia. Com a falta de componentes, as montadoras investiram em veículos mais caros e rentáveis, afastando os modelos populares do portfólio de vendas.
O exemplo da Ford ilustra essa nova abordagem. Após encerrar suas operações fabris no Brasil em 2021, a marca registrou lucro superior a 300 milhões de dólares em 2022 como importadora. A reestruturação, mesmo com a retirada de modelos consolidados, demonstra a eficácia da estratégia de focar em veículos de maior valor agregado e maior margem de rentabilidade.
Essa mudança estratégica das montadoras também reflete a atual crise econômica, tornando menos interessante a oferta de carros de entrada devido ao empobrecimento do brasileiro médio e à discrepância entre o aumento do salário médio e o aumento do valor dos carros. O consumidor está cada vez mais distante do sonho de comprar um carro, ressaltando a complexidade do cenário atual.
Fonte: UOL
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Economia