Selic rumo ao maior patamar em 20 anos: Mercado prevê alta para 13,25% nesta quarta

 

Novo presidente do BC, Gabriel Galipolo, indicado por Lula, deve continuar a subindo os juros na próxima quarta — Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

O mercado financeiro prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará a taxa Selic para 13,25% ao ano na reunião desta quarta-feira, 29. Caso confirmada, esta será a quinta alta consecutiva da taxa básica de juros, refletindo a preocupação com a escalada inflacionária no Brasil.

Essa decisão marca a primeira reunião sob a presidência de Gabriel Galípolo no Banco Central e ocorre em um cenário de pressões econômicas internas e externas. Segundo analistas, a Selic pode atingir 15% ao ano em 2025, o maior patamar desde 2006, quando o país enfrentava um ciclo econômico semelhante.

Inflação e metas fiscais: os desafios do cenário econômico

A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Apesar de avanços recentes no mercado de trabalho e na atividade econômica, a inflação segue resistente, especialmente no setor de serviços e alimentos, influenciada por fatores como secas, dólar elevado e dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal do país.

De acordo com dados do próprio Banco Central, as projeções de inflação para os próximos anos continuam acima da meta de 3%, com estimativas de 5,08% para 2025 e 4,10% para 2026, indicando a necessidade de uma política monetária mais rígida.

Fonte: PESQUISA DO BC COM OS BANCOS

Impactos para o setor produtivo e a economia

As possíveis elevações na Selic geram preocupações entre empresários e economistas. Para Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o aumento dos juros agrava o custo do crédito, especialmente para pequenas e médias empresas.

"O crédito já é proibitivo em níveis atuais. Se a Selic alcançar 15% ao ano, será ainda mais difícil para o setor produtivo se manter competitivo, resultando em perda de empregos e redução do dinamismo econômico", afirmou Roscoe.

Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), defende um pacto nacional que alinhe metas fiscais a estímulos econômicos. "Precisamos garantir o equilíbrio das contas públicas sem comprometer investimentos estratégicos que sustentam o crescimento econômico", ressaltou.

Expectativas para o futuro

Embora o mercado reconheça a importância do controle inflacionário, há um consenso de que uma elevação excessiva dos juros pode trazer mais prejuízos do que benefícios. O debate entre os setores produtivos, analistas financeiros e o Banco Central continua, enquanto o país enfrenta o desafio de conciliar estabilidade econômica com estímulo ao crescimento sustentável.

A decisão do Copom nesta semana será acompanhada de perto, já que os próximos passos da política monetária podem definir os rumos da economia brasileira nos próximos anos.

Fonte: G1

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