Com mais de 4 mil óbitos em 10 anos, especialistas reforçam importância do autoexame e diagnóstico precoce
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| Profissionais da saúde reforçam que a prevenção é a melhor estratégia quando o assunto é câncer - Foto: Alex Green /Pexels |
A campanha Abril Lilás, organizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), joga luz sobre um tema ainda pouco discutido: o câncer de testículo. Apesar de altamente curável quando identificado precocemente, a doença provocou a morte de mais de 4 mil brasileiros entre 2014 e 2023, segundo dados do Ministério da Saúde. O que mais preocupa os especialistas é que cerca de 60% desses óbitos ocorreram em homens com idades entre 20 e 39 anos — uma faixa considerada jovem e produtiva.
Durante o mesmo período, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou cerca de 47 mil cirurgias para a retirada de um ou ambos os testículos. O procedimento, embora eficaz, pode afetar diretamente a fertilidade e a saúde emocional do paciente.
“O principal sinal de alerta é o surgimento de um caroço ou aumento de volume em um dos testículos, geralmente sem dor. Mas também é preciso atenção a dores no abdômen inferior, sensação de peso escrotal e até aumento das mamas”, alerta o urologista André Salazar, especialista em câncer de testículo pela SBU.
A faixa entre 20 e 39 anos concentrou 2.444 das 4 mil mortes por câncer de testículo no Brasil. Outras 775 mortes ocorreram entre homens de 40 a 59 anos, enquanto os números em faixas etárias mais avançadas são menos expressivos.
Diagnóstico e autoexame são fundamentais
Embora não haja uma recomendação oficial para a frequência do autoexame testicular, os especialistas orientam que ele seja feito mensalmente, de preferência após o banho quente. “É nessa hora que a pele do escroto está mais relaxada, facilitando a identificação de qualquer alteração”, explica Salazar.
A suspeita de câncer deve ser confirmada com exames como ultrassom Doppler, que detecta nódulos e avalia sua vascularização, além de marcadores tumorais no sangue, como alfafetoproteína (AFP), gonadotrofina coriônica humana (BHCG) e desidrogenase lática (DHL), utilizados tanto no diagnóstico quanto no monitoramento do tratamento.
Tratamento pode comprometer a fertilidade
De acordo com o urologista Maurício Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-oncologia da SBU, o tratamento do câncer de testículo pode incluir cirurgia, quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia. Como esses procedimentos podem comprometer a fertilidade, os médicos recomendam que os pacientes considerem o congelamento de sêmen antes de iniciar o tratamento.
“O congelamento é um método seguro, simples e eficiente para preservar a chance de ter filhos no futuro”, destaca Cordeiro. Em casos mais avançados ou específicos, também pode ser indicada a linfadenectomia retroperitoneal robótica — uma cirurgia minimamente invasiva que remove gânglios linfáticos da região abdominal, com menor risco de danos aos nervos responsáveis pela função sexual.
Estados com mais óbitos
Entre os estados brasileiros, São Paulo lidera o número de mortes por câncer de testículo, com 1.113 registros. Em seguida aparecem Rio Grande do Sul (454), Minas Gerais (374), Paraná (365) e Rio de Janeiro (335). Bahia, Pernambuco e Ceará também apresentam números significativos.
Apesar dos altos índices de cura — que ultrapassam 90% dos casos quando o diagnóstico é precoce —, a falta de informação, o medo e a vergonha ainda afastam muitos homens do consultório médico. Para os especialistas, campanhas como a Abril Lilás são fundamentais para mudar essa realidade e salvar vidas.
✅ Cuidados e Prevenção com a Saúde Íntima Masculina
🧼 Higiene diária correta
* Lave o pênis com água e sabonete comum, inclusive após relações sexuais.
* Não é necessário sabonete íntimo.
* Puxe o prepúcio (pele que recobre a glande) para higienizar bem a região e evitar acúmulo de secreções (esmegma).
* Seque bem com toalha limpa e de algodão para evitar proliferação de fungos.
🚽 Após urinar
* Além de chacoalhar, seque o pênis com papel higiênico para evitar acúmulo de urina na uretra.
🛡️ Prevenção de ISTs
* Use camisinha em todas as relações sexuais.
* Após o sexo, higienize normalmente no banho.
🩲 Escolha das roupas íntimas
* Prefira cuecas de algodão, que são mais respiráveis e evitam micoses.
* Evite cuecas muito apertadas, pois o superaquecimento dos testículos pode reduzir a produção de espermatozoides.
🔍 Autoavaliação e atenção aos sinais
* Fique atento a alterações na pele, machucados, verrugas ou nódulos nos testículos e no pênis.
* Em caso de qualquer anormalidade, procure um urologista.
Fonte: Folha de S. Paulo
