Copom eleva taxa de juros em meio a incertezas fiscais e turbulências no cenário internacional; impacto afeta consumo, crédito e contas públicas
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Reunião do Copom de janeiro de 2025 — Foto: Flickr do BCB |
A decisão foi unânime entre os nove membros do comitê, incluindo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. O Copom justificou a medida com base em fatores como o ambiente externo adverso, a política fiscal expansionista no Brasil e a instabilidade econômica dos Estados Unidos, agravada por tensões comerciais iniciadas durante o governo de Donald Trump.
"O ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto (...), com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária", destacou o comunicado do comitê.
Perspectiva para os próximos meses
O Copom indicou que a avaliação sobre os efeitos da política monetária precisará de "cautela adicional" nas próximas reuniões, dado o estágio avançado do ciclo de ajuste.
A expectativa do mercado já antecipava novo aperto na taxa, considerando os últimos pronunciamentos da autoridade monetária. Desde o início de 2025, o país opera com sistema de metas de inflação contínuas, cujo centro é 3%, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
A meta pode ser descumprida novamente em junho, quando a inflação completará seis meses acima do teto.
Riscos e razões da inflação
Segundo o BC, os principais fatores que mantêm a inflação em níveis elevados são:
Aquecimento do mercado de trabalho;
Atividade econômica acima do potencial;
Crescimento dos gastos públicos;
Contexto internacional restritivo, marcado por tarifas comerciais e desaceleração global.
Como a Selic impacta a economia
O aumento da taxa de juros tende a provocar efeitos em diversos setores:
Projeções do mercado
As estimativas para a inflação permanecem acima do centro da meta:
2025: 5,53%
2026: 4,51%
2027: 4%
2028: 3,80%
A atuação do Banco Central mira projeções futuras e não os índices recentes. Como a política monetária leva entre seis e 18 meses para afetar a economia, a Selic atual busca influenciar a inflação do segundo semestre de 2026 e início de 2027.
O que vem a seguir
Na próxima reunião, o Copom sinaliza que manterá postura cautelosa e flexível, acompanhando novos dados econômicos. Especialistas preveem manutenção ou novos aumentos graduais da Selic, caso as pressões inflacionárias persistam.
Fonte: G1