Cantora, empresária e símbolo de resistência, ela deixou legado de coragem, arte e ativismo social
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| Preta Gil tratava câncer no intestino desde janeiro de 2023 Imagem: Divulgação |
Preta Maria Gadelha Gil Moreira, cantora, empresária e apresentadora, faleceu neste domingo, aos 50 anos, em decorrência de complicações de um câncer. O diagnóstico foi revelado publicamente em janeiro de 2023, dando início a uma luta intensa e corajosa contra a doença. Mãe de Francisco Gil, músico e integrante do grupo Gilsons, Preta enfrentou o tratamento com transparência e força, sempre incentivando a prevenção.
Filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa, Preta nasceu em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro. Cresceu entre o Rio e Salvador, cercada pela Tropicália e por figuras centrais da arte brasileira, o que moldou sua identidade artística e militante.
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| Gilberto Gil com a filha, Preta, e o neto, Francisco Gil Imagem: Arquivo pessoal |
Mulher preta, bissexual e fora dos padrões estéticos impostos, enfrentou o racismo, a gordofobia e a LGBTQIA+fobia desde cedo, usando sua visibilidade para combater preconceitos. Sua trajetória foi marcada por posicionamentos firmes — desde protestos ainda na adolescência até relatos comoventes sobre o preconceito sofrido por ser quem era.
Preta teve uma carreira artística multifacetada. Seu álbum de estreia, Prêt-à-Porter (2003), trouxe o hit Sinais de Fogo e uma capa emblemática com foto nua, desafiando padrões de beleza e comportamento. Criou o famoso Bloco da Preta no Carnaval carioca, fundou a agência de marketing Mynd e lançou álbuns que exaltavam diversidade e liberdade — como Todas as Cores, com parcerias de Gal Costa, Marília Mendonça e Pabllo Vittar.
Também atuou em novelas e séries e nunca escondeu as dores e conquistas de sua vida pessoal. Foi mãe aos 20 anos e se casou quatro vezes, sendo seu último relacionamento com Rodrigo Godoy, encerrado em meio à fase mais difícil de seu tratamento.
A batalha contra o câncer de intestino foi travada com coragem pública. Após anunciar remissão em 2023, novos tumores foram detectados em agosto de 2024, levando ao agravamento do quadro nos meses seguintes.
Mesmo diante da dor, Preta Gil seguiu firme como símbolo de representatividade, afeto e superação. Seu legado vai muito além da música — ele é feito de luta, amor e transformação.
Fonte: UOL