Trump corta financiamento para vacinas de mRNA e coloca em risco avanços contra câncer, HIV e futuras pandemias

Cientistas apontam retrocesso e impacto global com mudança para vacinas de vírus inativado

As vacinas vão usar a tecnologia de mRNA, a mesma utilizada em alguns imunizantes contra covid-19 — Foto: GETTY IMAGES via BBC

A decisão do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, de encerrar o financiamento a pesquisas com vacinas de RNA mensageiro (mRNA) provocou forte reação da comunidade científica internacional. A medida, anunciada como parte de uma mudança para “plataformas mais seguras” — como as vacinas de vírus inativado — é vista por infectologistas e oncologistas como um grave retrocesso, capaz de interromper estudos promissores e atrasar conquistas médicas essenciais.

As vacinas de mRNA, cruciais no combate à Covid-19, não utilizam o vírus vivo, mas sim instruções genéticas para que o organismo produza proteínas que estimulam a resposta imune. Essa tecnologia é considerada mais eficaz, segura e adaptável, podendo ser usada inclusive para desenvolver vacinas terapêuticas personalizadas contra diversos tipos de câncer. Atualmente, mais de 120 estudos clínicos com essa abordagem estão em andamento para tratar tumores como melanoma, câncer de pulmão, glioblastoma, próstata e pâncreas.

Com o corte de recursos, pesquisas contra HIV, Zika e o vírus sincicial respiratório também podem ser impactadas, assim como a preparação para futuras pandemias. Especialistas alertam que a mudança para vacinas de vírus inativado — mais baratas e estáveis, porém menos eficazes e restritas para grupos vulneráveis como idosos, gestantes e imunodeprimidos — compromete diretamente a proteção de quem mais precisa.

Para a infectologista Luana Araújo, a decisão representa “uma aliança entre ignorância e ideologia” e ameaça não só a saúde pública, mas também o futuro da ciência. Médicos temem ainda que o movimento antivacina seja fortalecido, aumentando a hesitação vacinal e reduzindo investimentos na área.

Apesar do cenário negativo, pesquisadores apontam que a medida pode abrir espaço para países como Brasil, China e Índia investirem no desenvolvimento próprio da tecnologia de mRNA, embora o processo demande tempo, recursos e estrutura. O risco imediato, porém, é a interrupção de tratamentos já em andamento, colocando em xeque a última esperança de milhares de pacientes ao redor do mundo.

Fonte: G1

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