Cientistas brasileiros avançam em exame de sangue para diagnóstico precoce do Alzheimer

Pesquisa identifica proteína p-tau217 como biomarcador promissor e abre caminho para inclusão do teste no SUS

Foto: Louis Reed/ Unsplash

Pesquisadores brasileiros deram um passo importante na luta contra o Alzheimer ao confirmar o potencial de um exame de sangue capaz de detectar a doença com mais de 90% de precisão, segundo estudos apoiados pelo Instituto Serrapilheira. A descoberta aponta a proteína p-tau217 como o biomarcador mais promissor para diferenciar pessoas saudáveis de pacientes com Alzheimer — um avanço que pode tornar o diagnóstico mais rápido, acessível e menos invasivo.

Atualmente, o diagnóstico depende de exames de líquor, que exigem punção lombar, ou de exames de imagem, ambos caros e de difícil aplicação em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS). O novo exame de sangue, se incorporado à rede pública, pode representar uma revolução no diagnóstico precoce da doença, especialmente em um país com 1,8 milhão de pessoas diagnosticadas e previsão de triplicação desse número até 2050.

Pesquisador brasileiro Eduardo Zimmer, da UFRGS, participa de estudo sobre diagnóstico do Alzheimer - Foto Instituto Serrapilheira/Divulgação

O estudo, conduzido por Eduardo Zimmer, da UFRGS, em parceria com outros 22 cientistas — incluindo pesquisadores do Instituto D’Or e da UFRJ —, analisou mais de 110 estudos e 30 mil pessoas, confirmando a eficácia da metodologia em diferentes regiões e perfis genéticos.

Zimmer destaca ainda que a baixa escolaridade é um dos fatores que mais agravam o avanço da doença, reforçando a importância da educação na proteção cognitiva do cérebro.

“O cérebro que é exposto à educação formal cria mais conexões e se torna mais resistente ao declínio cognitivo”, explica o pesquisador.

Enquanto o exame já é realidade na rede privada, com testes que custam até R$ 3,6 mil, a meta dos cientistas é viabilizar uma alternativa gratuita e nacional, adaptada à estrutura do SUS.

Os resultados finais da pesquisa devem ser publicados nos próximos dois anos, e os estudos clínicos já começam a incluir pessoas acima de 55 anos, fase em que o Alzheimer pode estar em estágio inicial, mas ainda sem sintomas.

Publicado nas revistas Molecular Psychiatry e The Lancet Neurology, o estudo reforça o protagonismo da ciência brasileira na busca por soluções inovadoras e inclusivas para o diagnóstico precoce de doenças neurodegenerativas.

Fonte: Agência Brasil

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