Golpes virtuais se tornam mais sofisticados e atingem milhões de brasileiros

Criminosos ampliam atuação na deep web, estruturam cadeia de lavagem digital e movimentam R$ 112 bilhões em prejuízos

Foto: pexels

Eles estão por toda parte: por trás de telas, links suspeitos e promessas tentadoras. Nos últimos 12 meses, um em cada três brasileiros perdeu dinheiro com golpes pela internet, totalizando 56 milhões de vítimas e um prejuízo estimado de quase R$ 112 bilhões. Especialistas alertam que as fraudes migraram do ambiente físico para o digital, onde a identificação dos criminosos é muito mais difícil.

Segundo Neife Urbano de Araújo, líder de cibersegurança para serviços financeiros da Accenture, a internet abriu espaço para um modus operandi de menor atrito e alta eficiência. Assaltos e roubos a agências, antes comuns há pouco mais de duas décadas, deram lugar a esquemas complexos de engenharia social e exploração de vulnerabilidades tecnológicas.

O terapeuta ocupacional Igor Pedrosa é um dos exemplos recentes. Atraído por uma oferta de venda de imóvel em uma plataforma confiável, acabou direcionado para uma falsa negociação envolvendo suposta carta de crédito. Após transferir R$ 25 mil e aguardar documentos que nunca chegaram, começou a receber boletos indevidos — e percebeu que havia sido vítima de um golpe.

Quadrilhas atuam cada vez mais na deep web, comercializando senhas, logins, softwares maliciosos e serviços ilícitos para capturar dados. Segundo levantamento da Febraban, os criminosos invadem celulares e computadores a partir de mensagens e e-mails falsos, desviando valores via Pix para contas laranjas, convertendo rapidamente o montante em criptomoedas. O objetivo é fragmentar a trilha financeira e dificultar o rastreamento.

Neife Urbano esclarece que o processo é altamente profissionalizado: “Não é uma pessoa só fazendo do início ao fim. Há quem roube os dados, quem converta em cripto, quem lave o dinheiro. É uma cadeia estruturada. O elo mais fraco continua sendo o comportamento humano — nenhum sistema é 100% seguro”.

Especialistas reforçam que informação, treinamento e cautela são ferramentas indispensáveis na prevenção. Igor, como muitos brasileiros, tenta agora recuperar o prejuízo financeiro e emocional: “Perdi o dinheiro, perdi o sonho da casa própria e fiquei sem rumo”.

Fonte: Cidade Verde

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem