2023 Estabelece Recorde como o Ano Mais Quente da História, com Média 1,48°C Acima dos Níveis Pré-Industriais

Motociclista se refresca em frente à ventilador que espirra água em Bagdá, Iraque - Ahmad Al-Rubaye - 23.jul.2023/AFP

O ano de 2023 foi oficialmente reconhecido como o mais quente da história, de acordo com o observatório Copernicus da Agência Espacial Europeia. As temperaturas excepcionalmente elevadas, não apenas em terra, mas também nos oceanos, culminaram em uma média global de 14,98°C, superando o recorde anterior de 2016 em 0,17°C.

O diretor do Copernicus, Carlo Buontempo, enfatizou a magnitude desses resultados climáticos, descrevendo 2023 como "o ano mais quente de nossa documentação, remontando à década de 1940". Ele ressaltou que possivelmente testemunhamos o ano mais quente da história da humanidade, e talvez um dos mais quentes dos últimos 100 mil anos. Buontempo alertou para a urgência de limitar as emissões globais, afirmando que, caso não estabilizemos rapidamente a concentração de gases de efeito estufa, os resultados podem se repetir nos próximos anos.

Mesmo com o retorno do fenômeno climático El Niño, que contribuiu para o aumento das temperaturas, a análise dos dados revela que 2023 já estava excepcionalmente quente. A diretora adjunta do serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, Samantha Burgess, ressaltou que as temperaturas nos oceanos, especialmente ao longo do Atlântico, atingiram valores recordes antes mesmo da declaração oficial do El Niño em julho.

O ano passado foi marcado pelo primeiro registro em que todos os dias superaram em 1°C os níveis pré-industriais (1850-1900), tornando-se a principal medida de comparação para especialistas em aquecimento global. Quase metade dos dias em 2023 apresentou temperaturas mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, indicando a intensidade do aquecimento.

Embora 2023 tenha ultrapassado as metas do Acordo de Paris, que visa limitar o aumento de temperatura global abaixo dos 2ºC, os cientistas enfatizam que esse cenário "abre um precedente terrível". A temperatura média global em 2023 foi 1,48ºC acima dos níveis de 1850-1900, superando em 0,60ºC a média do período entre 1991 e 2020.

Os efeitos dessas temperaturas atípicas foram evidentes em fenômenos climáticos extremos, como ondas de calor, incêndios florestais e tempestades severas. Na Europa, 11 dos 12 últimos meses apresentaram temperaturas acima da média, resultando no segundo ano mais quente já registrado na região.

Os especialistas europeus identificaram as altas temperaturas nos oceanos como um fator crítico para os resultados extraordinários de 2023, descrevendo essas temperaturas como "sem precedentes". A concentração recorde de gases de efeito estufa e a redução do gelo marinho na Antártida foram destacadas no relatório, ressaltando a urgência de ações globais para enfrentar as mudanças climáticas.

Fonte: Folha de S. Paulo

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