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Foto: Marcello Casal Jr. Agência Brasil |
As operadoras de planos de saúde registraram um lucro líquido de R$ 3,33 bilhões nos primeiros três meses de 2024, o maior valor para um primeiro trimestre desde 2019, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (12) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Esse lucro representa cerca de 3,93% da receita total acumulada no período, que ultrapassou R$ 84 bilhões.
O desempenho econômico-financeiro positivo foi observado em todos os segmentos do setor: operadoras exclusivamente odontológicas registraram um lucro de R$ 187,9 milhões; as médico-hospitalares, R$ 3,07 bilhões; e as administradoras de benefícios, R$ 66,4 milhões.
As operadoras médico-hospitalares, o principal segmento do setor, fecharam o primeiro trimestre com um saldo positivo entre receitas e despesas relacionadas às operações de assistência à saúde pela primeira vez desde 2021. O resultado operacional foi de R$ 1,9 bilhão, um nível comparável aos anos pré-pandemia de Covid-19.
Mesmo com a redução das taxas de juros, a remuneração das aplicações financeiras das operadoras médico-hospitalares – que totalizavam R$ 115,4 bilhões ao final de março – continuou a contribuir para o resultado líquido. No primeiro trimestre de 2024, o resultado financeiro foi positivo em R$ 2,3 bilhões, próximo dos valores observados nos três primeiros meses de 2022 e 2023.
"A leitura que temos desses resultados confirma a recuperação econômico-financeira do setor, ainda que não na velocidade esperada pelas operadoras, mas há um sólido caminho de retomada dos saldos positivos. Contudo, é essencial que essa recuperação se reflita na garantia e na melhoria dos serviços oferecidos aos beneficiários", avaliou Jorge Aquino, diretor de Normas e Habilitações das Operadoras da ANS. Ele enfatizou a necessidade de investimentos em gestão e qualidade dos serviços.
Resultados por porte de operadora
As operadoras médico-hospitalares de grande porte lideraram a recuperação do resultado líquido do setor, registrando R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre de 2024, em contraste com um resultado nulo no mesmo período do ano anterior. As operadoras de médio porte tiveram uma redução de R$ 0,1 bilhão, enquanto as de pequeno porte apresentaram um aumento de R$ 0,1 bilhão, dobrando o valor do período anterior.
Sinistralidade
A sinistralidade, principal indicador do desempenho das operadoras médico-hospitalares, foi de 82,5% no primeiro trimestre de 2024, 4,7 pontos percentuais abaixo do mesmo período do ano anterior. Isso indica que cerca de 82,5% das receitas das mensalidades foram utilizadas para despesas assistenciais.
A redução da sinistralidade resulta principalmente da recomposição das mensalidades dos planos em comparação à variação das despesas, especialmente nas operadoras de grande porte. Essa tendência, observada desde 2023, reflete um maior crescimento das mensalidades médias, ajustadas pela inflação, em relação às despesas assistenciais por beneficiário, também ajustadas pela inflação. Isso sugere que o setor está reorganizando seus contratos para recuperar os resultados operacionais em um contexto de aumento de beneficiários e queda das taxas de juros.
Fonte: Agência Brasil