Brasil reduz desmatamento em 2024, mas Cerrado lidera perdas e Mata Atlântica preocupa

Relatório aponta queda de 32,4% na área desmatada; cinco dos seis biomas registraram redução, mas desigualdade regional e falta de transparência ainda são desafios


Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O desmatamento no Brasil caiu 32,4% em 2024 em comparação com 2023, conforme mostra o novo Relatório Anual do Desmatamento (RAD), divulgado nesta quarta-feira (14) pelo Mapbiomas. A redução abrangeu cinco dos seis biomas brasileiros — Pantanal, Pampa, Cerrado, Amazônia e Caatinga —, com exceção da Mata Atlântica, que registrou aumento de 2% na área desmatada.

Ao todo, foram desmatados 1.242.079 hectares, com 60.983 alertas registrados no ano. A média foi de 3.403 hectares de vegetação nativa perdidos por dia. Apesar dos avanços, o Cerrado liderou o ranking, com mais de 652 mil hectares desmatados, superando a Amazônia pelo segundo ano consecutivo.

Reduções por bioma

  • Pantanal: -58,6%

  • Pampa: -42,1%

  • Cerrado: -41,2%

  • Amazônia: -16,8%

  • Caatinga: -13,4%

  • Mata Atlântica: +2%

Segundo o coordenador do Mapbiomas, Tasso Azevedo, os dados refletem avanços institucionais importantes, como a criação de planos de combate ao desmatamento para todos os biomas, maior envolvimento dos estados em embargos e fiscalizações, e uso de dados ambientais como critério para concessão de crédito rural.

No entanto, eventos climáticos extremos explicam o aumento do desmatamento em regiões como o Rio Grande do Sul, onde houve perdas significativas na Mata Atlântica. Em abril e maio, foram registrados 627 alertas e mais de 2.800 hectares de vegetação natural destruídos por catástrofes ambientais.

Piauí tem quatro cidades entre as que mais aumentaram desmatamento

Entre os municípios brasileiros, Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal, todos no Piauí, lideraram o crescimento proporcional de desmatamento em 2024. A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 42% da perda de vegetação nativa do país e 75% do desmatamento do Cerrado.

Terras indígenas e unidades de conservação

As terras indígenas tiveram uma redução de 24% na perda de vegetação, com 15.938 hectares desmatados. Mesmo assim, a Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) liderou a lista das mais desmatadas, com aumento de 125% em relação a 2023. Apenas 33% das terras indígenas registraram eventos de desmatamento no ano passado.

Nas Unidades de Conservação, o desmatamento caiu 42,5%, totalizando 57.930 hectares. A APA Triunfo do Xingu (PA) foi a área mais afetada, com 6.413 hectares perdidos.

Autorização e transparência

Apenas 43% das áreas desmatadas em 2024 possuíam autorização. O Cerrado lidera com 66% das perdas autorizadas, enquanto na Amazônia esse índice é de apenas 14%. O estado do Maranhão se destacou negativamente por ser o que menos forneceu informações públicas sobre autorizações e fiscalização, dificultando o controle social.

Causas do desmatamento

Desde 2019, o Brasil já perdeu quase 10 milhões de hectares de vegetação nativa, sendo 67% somente na Amazônia Legal. Segundo o Mapbiomas, mais de 97% da devastação foi provocada por pressões da agropecuária — o principal vetor da destruição ambiental no país.

O relatório reforça que, apesar dos avanços, o combate ao desmatamento exige políticas públicas integradas, maior transparência dos estados e uma fiscalização ambiental mais robusta, sobretudo em regiões críticas como o Cerrado e o Matopiba.

Fonte: Agência Brasil

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