Novo papa cita vítimas da Faixa de Gaza, destaca legado de Francisco e defende renovação da Igreja diante dos desafios do presente
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Foto: reprodução/Vatican News Papa Leão XIV em sua missa inaugural |
O papa Leão 14 fez na manhã deste domingo (12) sua primeira oração pública dominical, após ter sido eleito Sumo Pontífice da Igreja Católica. Diante de cerca de 100 mil fiéis reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano, ele celebrou a oração Regina Caeli, tradicional durante o período pascal e substituta do Angelus no Dia das Mães.
Em sua fala, o papa se mostrou visivelmente emocionado e reafirmou o apelo de seu antecessor, Francisco, por acolhimento, paz e justiça. Ele mencionou explicitamente os conflitos em curso e pediu um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, além de saudar a trégua entre Índia e Paquistão.
“Sinto dor pelo que acontece na Faixa de Gaza. Que haja cessar-fogo imediato, que os socorros humanitários sejam prestados a toda a população civil e que todos os reféns sejam liberados”, disse Leão 14, diante de aplausos e lágrimas na multidão.
Em tom solene, o pontífice repetiu a expressão cunhada por Francisco, de que o mundo vive uma “Terceira Guerra Mundial em pedaços”, e dirigiu-se diretamente aos líderes globais: “Nunca mais guerra”.
Um papa com raízes pastorais e trajetória internacional
Antes de ser eleito papa, o então cardeal Robert Francis Prevost ocupava dois dos cargos mais influentes da Cúria Romana: era prefeito do Dicastério para os Bispos, órgão responsável por nomear bispos em todo o mundo, e também presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.
De origem norte-americana, Prevost nasceu em Chicago, onde se formou em matemática antes de decidir, aos 22 anos, seguir a vocação sacerdotal. Estudou teologia na Catholic Theological Union, nos EUA, e depois foi enviado a Roma para estudar direito canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino.
Em 1985, uniu-se aos agostinianos e iniciou uma missão pastoral no Peru, onde viveu por quase duas décadas. O trabalho com comunidades pobres e o compromisso com os migrantes marcaram sua trajetória. Em 2014, adquiriu cidadania peruana.
Considerado um moderado com perfil conciliador, o novo papa é reconhecido por seu pragmatismo e sensibilidade pastoral, mas também já manifestou posições conservadoras em relação a temas como a inclusão de pessoas LGBTQIA+ na Igreja. A imprensa internacional, como o New York Times, destaca que seu desafio será equilibrar renovação e tradição em um cenário eclesial global em transformação.
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Reprodução/Vatican News Papa Leão XIV em oração com outros párocos antes de ir à área externa |
Continuidade e renovação
Ao falar sobre o futuro da Igreja, Leão 14 ecoou a visão de Francisco: “Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã. O mundo de hoje não é o mesmo de dez ou vinte anos atrás”, afirmou em entrevista recente ao Vatican News.
Em sua mensagem dominical, o papa também reforçou a importância de evangelizar os jovens e os pobres com linguagem e métodos atuais, sem alterar a essência da mensagem cristã: “A mensagem é sempre a mesma: proclamar Jesus Cristo. Mas a maneira de alcançar as pessoas precisa se adaptar”.
Com sua primeira oração pública marcada por emoção e contundência, Leão 14 começa seu pontificado sob os olhos atentos de uma Igreja que clama por paz, reformas e diálogo com o mundo contemporâneo.
Fonte: Agência Brasil