Padre Patrick critica influência das apostas online e pede mobilização contra publicidade de “bets”

Em depoimento à CPI das Apostas, sacerdote defende fim de campanhas com influenciadores e alerta para impacto social e moral do vício em jogos

Imagem reprodução - TV SENADO

Durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Online nesta quarta-feira (21), o padre Patrick Fernandes defendeu uma mobilização ética contra a publicidade promovida por influenciadores digitais para casas de apostas virtuais. O religioso afirmou que, embora legalizada, a prática representa um problema grave de saúde pública e moral.

Com mais de 6,6 milhões de seguidores nas redes sociais, padre Patrick disse acompanhar de perto o sofrimento de famílias afetadas pelo vício em jogos, especialmente por meio de relatos de parentes que buscam ajuda para internações. Segundo ele, o vício tem relação direta com quadros de ansiedade, depressão e desestruturação familiar.

“Não é apenas uma questão de escolha individual. É uma distorção moral. Quem divulga aposta em troca de dinheiro está alimentando uma indústria que destrói lares e vidas. E quem o faz, peca ainda mais”, afirmou o sacerdote, ao responder a questionamentos do senador Izalci Lucas (PL-DF).

Proibição de publicidade

O padre também sugeriu que a legislação seja mais dura com relação à publicidade de apostas, cobrando coerência por parte de figuras públicas. “Se há quem é pago para divulgar, precisa haver quem tenha dignidade para se opor. É preciso vergonha na cara”, afirmou. Segundo ele, a pressão popular e o trabalho da CPI já levaram alguns influenciadores a desistirem de campanhas pró-apostas.

Ele revelou ainda que, no início de sua atuação na internet, recusou uma proposta de R$ 560 mil para divulgar apostas.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, reforçou o caráter pedagógico da comissão: “Nossa missão é tornar público um problema que se tornou cotidiano e muitas vezes invisível. A CPI é o primeiro passo, mas a fiscalização seguirá”.

Apoio à proibição de campanhas

O senador Cleitinho (Republicanos-MG), autor do projeto de lei que proíbe a publicidade de apostas (PL 2.372/2025), pediu desculpas por ter tirado foto com a influenciadora Virgínia Fonseca durante o depoimento dela à CPI, e disse ser favorável à extinção da publicidade do setor.

“Não é só ela. É a Globo, é todo mundo. Mas estou aqui para propor o fim dessas campanhas. Se não dá para acabar com os jogos, que se proíba pelo menos a propaganda”, argumentou.

Patrick ressaltou que os influenciadores não são a única causa do problema, mas sua influência é marcante, sobretudo em cidades pequenas, onde criadores locais estimulam o uso de aplicativos de apostas. “Eles não veem o impacto disso, mas as consequências estão nos relatos que ouço toda semana”, disse.

Recuperação e novos requerimentos

Padre Patrick relatou que, nos últimos dois anos, viu crescer o número de famílias procurando ajuda em Parauapebas (PA), onde atua em centros de recuperação. Segundo ele, a maioria dos viciados atendidos é formada por homens adultos que, em geral, negam o problema.

A CPI também aprovou a convocação do influenciador Carlinhos Maia para depor, além de requerimentos para a quebra de sigilo fiscal e bancário de Virgínia Fonseca e Rico Melquiades, com base em relatórios do Coaf. A próxima fase da comissão promete aprofundar o rastreamento financeiro de contratos e patrocínios relacionados ao setor de apostas.

Fonte: Cidade Verde

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