Norte e Nordeste devem sentir os maiores impactos caso Irã feche o estreito de Ormuz
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Foto: Reuters |
O avanço do conflito entre Estados Unidos, Israel e Irã já gera alerta no mercado de combustíveis. Com a ameaça do Irã de fechar o estreito de Ormuz — por onde circulam cerca de 20% de todo o petróleo do planeta — o preço dos combustíveis no Brasil pode disparar, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
De acordo com Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), esses estados são mais vulneráveis, pois dependem majoritariamente de refinarias privadas, que seguem o preço internacional do petróleo. Diferente da Petrobras, que tem segurado reajustes e operado com defasagem de preços, as refinarias privadas repassam diretamente qualquer aumento no valor do barril.
No Nordeste, por exemplo, a Petrobras opera apenas uma refinaria — a de Abreu e Lima, em Pernambuco. As unidades do Amazonas e da Bahia foram vendidas durante o governo Bolsonaro, o que aumentou a dependência de empresas privadas na região.
O mercado já especula que o preço do barril pode ultrapassar os US$ 100, embora isso só se confirme com a reabertura dos mercados. Antes dos ataques, o preço estava próximo de US$ 80.
Dados da Abicom, de sexta-feira (21), já indicavam uma defasagem de R$ 0,50 no diesel e R$ 0,20 na gasolina vendidos pela Petrobras. Caso o barril dispare, a estatal pode enfrentar pressão dos acionistas para reajustar preços, rompendo com a estratégia atual de segurar repasses.
“Cerca de 25% do diesel e 10% da gasolina consumidos no país são derivados de petróleo importado. As refinarias privadas ajustam preços semanalmente. A Petrobras é quem vinha segurando, mas isso pode não se sustentar se o preço do petróleo explodir”, alerta Araújo.
O impacto não para nos combustíveis. O economista Bruno Imaizumi, da LCA Intelligence, explica que uma alta no diesel pode gerar efeito cascata sobre outros produtos, já que grande parte do transporte no Brasil é rodoviário.
Caso o estreito de Ormuz seja realmente bloqueado, entre 20% e 30% da produção mundial de petróleo seria afetada, sem capacidade de reposição imediata por outros produtores, o que agravaria ainda mais o cenário de alta generalizada.
Fonte: UOL