Seminário nacional do partido de Bolsonaro ensina uso político de inteligência artificial, com palestras de big techs e incentivo direto à estratégia digital para 2026
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Google levou “gerente de engajamento cívico” a evento do PL | Foto: Sérgio de Sousa |
O Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, reuniu centenas de militantes, influenciadores e políticos em Fortaleza (CE), no dia 30 de maio de 2025, para um seminário que mais parecia um campo de treinamento digital. O 2º Seminário Nacional de Comunicação do partido trouxe oficinas de inteligência artificial ministradas por executivos da Meta e do Google, gigantes da tecnologia mundial.
Durante o evento, os participantes aprenderam como utilizar ferramentas de IA para criar textos persuasivos, gerar vídeos ultrarrealistas, editar imagens e até desenvolver campanhas políticas mais eficazes, tudo com o objetivo declarado de fortalecer a comunicação da direita nas redes sociais com foco nas eleições de 2026.
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Foto: Sérgio de Sousa |
O workshop da Meta ensinou o uso do Meta AI, geração de vídeos com imagens artificiais e até o uso de WhatsApp Business como ferramenta estratégica para persuasão política. Já o Google demonstrou o Gemini e o Notebook LM, capazes de produzir conteúdos automatizados, resumos de documentos e vídeos para campanhas online.
Jovens e influenciadores digitais foram tratados como figuras centrais do evento. Com assentos reservados e destaque nos discursos, foram apresentados como a “chama” da direita digital. O próprio Jair Bolsonaro encerrou o evento afirmando que as big techs estavam “do lado certo” e reforçou que a liberdade de expressão será o pilar da campanha da extrema direita em 2026.
Postura, voz e aparência transmitem autoridade, emoção e conexão, declarou o produtor Jhon Henrique, ao apresentar uma campanha com Michelle Bolsonaro como exemplo. A aula sobre comunicação política incluiu dicas para impostação vocal, sinalização visual ideológica e uso da IA para edição de vídeos, legendas automáticas e ambientações visuais apelativas.
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Uso do WhatsApp Business para campanhas políticas foi recomendado por funcionário da Meta | Foto: Sérgio de Sousa |
Entre workshops, estandes para animações patrióticas baseadas em IA, músicas de exaltação bolsonarista e referências à “guerra cultural” contra a esquerda, o seminário escancarou a profissionalização da estratégia digital da direita brasileira.
No pano de fundo, o discurso da liberdade de expressão voltou com força. Bolsonaro citou o lema "Deus, Pátria, Família e Liberdade" e reforçou a narrativa contra suposta censura promovida por projetos de regulação das plataformas. O senador Rogério Marinho, por sua vez, atacou a proposta de regulação digital em debate no Congresso, dizendo que “querem dizer o que é verdade ou não”.
O evento consolidou uma mensagem: para a direita bolsonarista, o futuro da disputa política passa pela tecnologia e o campo de batalha está nas redes. A guerra digital de 2026 já começou.
Fonte: Intercept Brasil