Relatório da Polícia Federal aponta uso ilegal da inteligência para espionagem de autoridades, adversários e jornalistas durante o governo Bolsonaro.
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Imagem: Gustavo Moreno/STF |
A Polícia Federal (PF) concluiu as investigações sobre o caso conhecido como "Abin Paralela" e indiciou formalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu filho Carlos Bolsonaro (PL-RJ) — vereador no Rio de Janeiro — e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O inquérito foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e detalha como a Abin teria sido utilizada de forma ilegal para monitorar autoridades, adversários políticos e até jornalistas, a serviço dos interesses pessoais e políticos da família Bolsonaro.
De acordo com o relatório da PF, a estrutura de espionagem operou durante o governo Bolsonaro, quando Ramagem estava à frente da Abin. O grupo utilizava o software de geolocalização “First Mile”, capaz de rastrear celulares em tempo real, bastando inserir o número do telefone do alvo para acompanhar seus deslocamentos em um mapa.
Entre as pessoas monitoradas estão ministros do STF — Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fux —, além do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e diversos jornalistas. A prática de espionagem, segundo a PF, foi reiterada e direcionada para fins políticos e pessoais.
As investigações apontam que essa estrutura clandestina de monitoramento foi montada e operada fora dos protocolos legais e institucionais da Agência, caracterizando o uso da máquina pública para espionagem ilegal.
O relatório final da Polícia Federal agora está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, que deverá analisar os indiciamentos e avaliar os próximos passos do processo, incluindo possíveis denúncias formais por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Fonte: UOL