Bandeira de Trump acende crise no PL e expõe isolamento de Eduardo Bolsonaro

Cúpula da legenda tenta blindar pré-candidatura da direita em 2026 e se incomoda com protagonismo de Eduardo Bolsonaro e desgaste do tarifaço

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado


O clima dentro do PL azedou após um grupo de deputados erguer uma bandeira em apoio ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, durante sessão no Congresso Nacional. O gesto foi mal recebido por setores mais pragmáticos do partido, que já vinham alertando para os impactos negativos do chamado “tarifaço” de Trump — que entra em vigor em 1º de agosto e afeta diretamente produtos brasileiros.

Internamente, a avaliação é que o momento é delicado para a direita, especialmente diante da repercussão econômica e diplomática da medida imposta por Trump, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. A manifestação pública de apoio ao republicano americano teria “tirado o foco” da pauta principal do protesto — a suspensão das reuniões de comissões pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após o PL agendar votações com moções de apoio a Bolsonaro.

Deputados como Sargento Fahur (PSD-PR) e Delegado Caveira (PL-PA) ouviram de colegas que atos individuais poderiam ser tolerados, mas que envolver o partido em ações simbólicas em prol de Trump, neste momento, é contraproducente. “Isso só prejudica a estratégia coletiva e aumenta o desgaste”, reclamou um parlamentar nos bastidores.

Eduardo Bolsonaro na berlinda

A insatisfação não se resume ao protesto no plenário. Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado licenciado e filho do ex-presidente, também tem sido alvo de críticas entre os líderes do partido. Segundo fontes da legenda, ele é visto como "incontrolável", resistente a ouvir conselhos e sem apresentar alternativas políticas para conter o impacto do tarifaço, que afeta a imagem da direita brasileira no cenário internacional.

De acordo com uma liderança do partido ouvida reservadamente, Eduardo não tem contribuído com soluções. "Ele bate, cria crises, mas não aponta saídas. Piora a situação da direita quando mais se precisava de racionalidade", afirmou.

O parlamentar tem repetido que nunca pediu as tarifas impostas ao Brasil e que sua intenção era apenas provocar a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes — a legislação americana que permite sanções contra estrangeiros acusados de corrupção ou violação de direitos humanos.

Mesmo assim, dirigentes do PL dizem que a conexão entre Eduardo, Trump e o tarifaço está clara demais para o eleitorado. Eles têm pressionado o deputado a fazer dois gestos:

1. Parar de atacar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL);

2. Deixar claro publicamente que nunca defendeu sanções contra o Brasil.

Até agora, Eduardo não fez nenhuma das duas coisas. Pelo contrário: tem dado sinais de que seguirá endurecendo o discurso contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra a ala do PL que busca moderação.

Prejuízo político em 2026

A preocupação da cúpula do PL é direta: o desgaste gerado pela crise com os Estados Unidos pode prejudicar o desempenho da direita nas eleições presidenciais de 2026. O apoio explícito a um ex-presidente estrangeiro que impôs medidas comerciais contra o Brasil tem sido considerado um erro estratégico.

"O tarifaço prejudica os empresários, justamente a base mais próxima da oposição conservadora", avaliou um deputado governista. "E ainda por cima, vincula nosso projeto político a uma agenda antipatriótica."

Nos bastidores, o PL tenta se reorganizar e encontrar uma nova linha de atuação — menos colada em Trump e mais voltada à defesa de pautas econômicas e nacionais.

Fonte: G1

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