Crise na direita: Eduardo trava PL e provoca mal-estar com agro e centrão

 Deputado desautoriza ex-ministros, ataca Nikolas e irrita agro, centrão e parte do próprio PL

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) discursa durante a Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês) em Maryland, nos EUA, em fevereiro de 2025 — Foto: Saul Loeb/AFP

A atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos tem provocado atritos crescentes com aliados da direita brasileira. Considerando-se o único autorizado a tratar da sobretaxa imposta por Donald Trump ao Brasil, Eduardo desautorizou até ex-ministros do governo do pai e voltou sua artilharia contra o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos mais populares da sigla.

Classificando como “desrespeitosa” a missão de senadores da Comissão de Relações Exteriores — que inclui Tereza Cristina e Marcos Pontes — Eduardo vetou tentativas de diálogo sobre o tarifaço, aprofundando o mal-estar dentro do partido e entre membros do agronegócio.

Parlamentares do centrão reagiram com desprezo: “Vamos falar de gente séria”, disse o líder de uma sigla ao ser questionado sobre a atuação do deputado. Internamente, muitos veem seu projeto presidencial como fracassado, com aliados afirmando que, ao retornar ao Brasil, Eduardo enfrentaria risco de prisão.

Mesmo isolado da maioria, Eduardo ainda é apoiado por cerca de 25 deputados do grupo “bolsonarista raiz”, marcado por enfrentamento ao STF e pautas extremistas.

O filho do ex-presidente também conta com a parceria do comentarista Paulo Figueiredo, a quem líderes da legenda chamam de “boca alugada” — responsável por vocalizar os ataques mais duros contra Nikolas, Tereza e Pontes. Em resposta, Eduardo costuma reforçar os recados publicamente, repostando vídeos e publicando notas de repúdio.

A disputa com Nikolas Ferreira, por exemplo, seria motivada por ciúmes e ressentimentos. Além de alfinetadas antigas, Eduardo vê com incômodo a popularidade do mineiro, campeão de votos em 2022, apoiado até por Jair e Michelle Bolsonaro.

Nikolas, por sua vez, optou pelo silêncio. Segundo sua assessoria, não pretende alimentar polêmicas.

Enquanto isso, as tensões internas continuam crescendo. Para muitos no PL, Eduardo Bolsonaro deixou de ser peça estratégica e se tornou um problema em plena crise internacional com os EUA.

 Fonte: UOL

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem