Lucas Paquetá é inocentado em caso de manipulação de apostas na Inglaterra

Federação inglesa arquiva acusações por falta de provas; jogador agradece apoio e pode ter valorização no mercado de transferências

Lucas Paquetá se aquece antes de partida entre West Ham e Nottingham Forest pela Premier League no London Stadium, em Londres - Tony O Brien - 18.mai.2025/Reuters

O meia Lucas Paquetá, de 27 anos, foi oficialmente inocentado nesta quinta-feira (31) das acusações de envolvimento em esquema de manipulação de apostas na Premier League. A investigação, conduzida pela Football Association (FA), afirmava que o jogador do West Ham teria forçado cartões amarelos em quatro partidas entre 2022 e 2023 para beneficiar apostadores.

Segundo a nota divulgada pela federação inglesa, uma comissão reguladora independente concluiu que as acusações não foram comprovadas. Paquetá, revelado pelo Flamengo, vinha negando as acusações desde o início da apuração, que se estendeu por mais de um ano.

“Desde o primeiro dia desta investigação, mantive minha inocência contra essas acusações extremamente graves”, declarou o jogador em suas redes sociais. Ele também agradeceu à esposa, ao clube inglês, aos torcedores e à equipe jurídica pelo apoio durante o período.

Impacto na carreira

Durante o processo, Paquetá seguiu jogando normalmente pelo West Ham, mas sofreu consequências na carreira. Ele foi cortado da seleção brasileira em 2023, pelo então técnico Fernando Diniz, quando as denúncias vieram à tona. Com a chegada de Dorival Júnior em 2024, voltou a ser convocado.

Além disso, negociações para uma transferência ao Manchester City foram suspensas. Segundo o jornal Daily Mail, uma proposta na casa de 30 milhões de libras (cerca de R$ 222 milhões) poderia ter concretizado a transferência. Com a absolvição, analistas acreditam que o valor de mercado do atleta pode subir novamente.

A acusação

Paquetá foi denunciado com base na regra E5.1 da FA, que proíbe qualquer tentativa direta ou indireta de influenciar jogos ou competições para fins impróprios. Os jogos em questão foram contra o Leicester (novembro de 2022), Aston Villa (março de 2023), Leeds (maio de 2023) e Bournemouth (agosto de 2023).

A FA alegava que o jogador intencionalmente procurava cartões amarelos com o intuito de beneficiar apostadores. A denúncia se baseava em movimentações suspeitas no mercado de apostas, mas não conseguiu comprovar o envolvimento direto de Paquetá com os apostadores ou o esquema.

Possível punição por não colaborar

Apesar da absolvição da acusação principal, Paquetá ainda poderá receber uma punição administrativa leve por suposta falta de colaboração com a investigação. A comissão reguladora avalia aplicar uma sanção que pode variar de advertência a multa, mas a expectativa é que não envolva suspensão de jogos.

Outros casos semelhantes

O nome de Paquetá também apareceu em relatórios da empresa SportsRadar, que monitora movimentações suspeitas em apostas esportivas. No mesmo contexto, o atacante Luiz Henrique (Zenit, ex-Betis) e Bruno Henrique (Flamengo) também foram investigados por suposta ligação com esquemas de manipulação. Em alguns desses casos, investigações no Brasil e na Europa levaram a punições que vão desde suspensões temporárias até o banimento do futebol.

Segundo especialistas, o combate à manipulação de resultados no esporte ainda exige conscientização de atletas, rigor na investigação e sistemas modernos de monitoramento. “O sistema de monitoramento do esporte deve ser rigoroso, mas justo. Não se pode punir um atleta sem prova robusta do seu envolvimento”, afirmou o advogado Luciano Andrade Pinheiro, especialista em direito esportivo.

Com a decisão da FA, Lucas Paquetá volta a ter caminho livre para seguir sua carreira com confiança — e pode se tornar novamente um dos nomes mais valorizados do futebol brasileiro na Europa.


Leia abaixo a íntegra da nota publicada pela federação inglesa

Uma comissão reguladora independente considerou não comprovadas as acusações de má conduta contra Lucas Paquetá, do West Ham United, por supostas violações da regra E5 da FA.

Lucas Paquetá foi acusado de quatro supostas violações da Regra E5.1 da FA em relação à sua conduta durante as partidas do clube na Premier League contra o Leicester City em 12 de novembro de 2022; Aston Villa em 12 de março de 2023; Leeds United em 21 de maio de 2023; e AFC Bournemouth em 12 de agosto de 2023.

Foi alegado que Lucas Paquetá buscou diretamente influenciar o andamento, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência nessas partidas, intencionalmente procurando receber um cartão do árbitro com o propósito impróprio de afetar o mercado de apostas para que uma ou mais pessoas lucrassem com apostas.

Lucas Paquetá negou as acusações contra ele, e a comissão reguladora as considerou não comprovadas após uma audiência.

A comissão reguladora considerou comprovadas as acusações de má conduta contra o jogador por supostas violações da regra F3 da FA.

Lucas Paquetá foi acusado de duas violações da Regra F3 da FA em relação a supostas falhas em cumprir suas obrigações de responder perguntas e fornecer informações à investigação da FA.

Lucas Paquetá negou as acusações contra ele, mas a comissão reguladora as considerou comprovadas após a audiência. A comissão reguladora decidirá uma sanção apropriada para essas violações o mais breve possível.

A FA aguarda as justificativas escritas da comissão reguladora em relação às suas decisões sobre as acusações e não fará mais comentários neste momento.

Nota do advogado de Paqueta

Nick De Marco KC representou o jogador brasileiro do West Ham United, Lucas Paquetá, em relação a quatro acusações sob a regra E5 da FA de manipulação de resultados em partidas da Premier League, em um caso que é considerado o mais longo da história da FA.

A FA alegou que o sr. Paquetá teria obtido cartões amarelos deliberadamente em quatro partidas diferentes da Premier League para ajudar outras pessoas a ganharem apostas no futebol.

A Comissão Reguladora considerou que as quatro acusações de manipulação de resultados não foram comprovadas e as descartou, enquanto manteve duas acusações de violação da regra 3 da FA, relacionadas à falha em fornecer informações quando solicitado.


As razões escritas da Comissão para suas conclusões ainda não estão disponíveis.

Fonte: Folha de S. Paulo

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