Tarifaço de Trump dificulta articulação por anistia no Congresso

Deputados avaliam que nova taxação dos EUA prejudica Bolsonaro e inviabiliza avanço do projeto de anistia aos condenados do 8 de Janeiro

Foto: Scott Olson/Getty Images

A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados abalou não apenas as relações comerciais entre os dois países, mas também repercutiu diretamente no cenário político interno do Brasil. Segundo líderes partidários da Câmara dos Deputados, o movimento dos EUA enfraquece ainda mais a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro e mina qualquer chance imediata de avançar com o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro.

Na avaliação de parlamentares ouvidos pela imprensa, o Congresso brasileiro não teria condições políticas e institucionais de discutir uma anistia em meio a uma guerra comercial aberta com os Estados Unidos — especialmente se a medida for percebida como resposta a pressões externas.

Embora o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), estivesse articulando um texto de consenso sobre o tema, fontes indicam que o projeto está congelado. “Seria uma sinalização extremamente negativa ceder a uma exigência indireta de um país estrangeiro, em especial diante de um conflito comercial desse porte”, resumiu um líder partidário da base.

A anistia “ampla, geral e irrestrita” foi defendida publicamente pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que assinou uma carta conjunta com o comentarista Paulo Figueiredo direcionada ao Congresso. No documento, os dois pedem que os parlamentares liderem a aprovação da anistia para os condenados do 8 de Janeiro, entre eles o próprio Jair Bolsonaro, como forma de “restaurar liberdades” e “evitar o agravamento do conflito” com os EUA.

"Apelamos para que as autoridades brasileiras evitem escalar o conflito e adotem uma saída institucional que restaure as liberdades. Cabe ao Congresso liderar esse processo", diz o texto.

A investida de Trump em favor de Bolsonaro, com ataques ao sistema judiciário brasileiro e à condução do inquérito do golpe, teve efeito oposto ao pretendido. Para os deputados, o gesto colocou ainda mais pressão sobre a Câmara, que agora enfrenta o desafio de não transparecer submissão a interferências externas, sobretudo com viés ideológico.

Na prática, o projeto da anistia, que já enfrentava forte resistência de parte da sociedade e de setores do próprio Congresso, parece ter perdido tração. O tarifaço pode ter sido o golpe final para as esperanças bolsonaristas de ver a anistia aprovada no curto prazo.

Fonte: Metrópoles

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