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Foto: Scott Olson/Getty Images |
Na avaliação de parlamentares ouvidos pela imprensa, o Congresso brasileiro não teria condições políticas e institucionais de discutir uma anistia em meio a uma guerra comercial aberta com os Estados Unidos — especialmente se a medida for percebida como resposta a pressões externas.
Embora o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), estivesse articulando um texto de consenso sobre o tema, fontes indicam que o projeto está congelado. “Seria uma sinalização extremamente negativa ceder a uma exigência indireta de um país estrangeiro, em especial diante de um conflito comercial desse porte”, resumiu um líder partidário da base.
A anistia “ampla, geral e irrestrita” foi defendida publicamente pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que assinou uma carta conjunta com o comentarista Paulo Figueiredo direcionada ao Congresso. No documento, os dois pedem que os parlamentares liderem a aprovação da anistia para os condenados do 8 de Janeiro, entre eles o próprio Jair Bolsonaro, como forma de “restaurar liberdades” e “evitar o agravamento do conflito” com os EUA.
"Apelamos para que as autoridades brasileiras evitem escalar o conflito e adotem uma saída institucional que restaure as liberdades. Cabe ao Congresso liderar esse processo", diz o texto.
A investida de Trump em favor de Bolsonaro, com ataques ao sistema judiciário brasileiro e à condução do inquérito do golpe, teve efeito oposto ao pretendido. Para os deputados, o gesto colocou ainda mais pressão sobre a Câmara, que agora enfrenta o desafio de não transparecer submissão a interferências externas, sobretudo com viés ideológico.
Na prática, o projeto da anistia, que já enfrentava forte resistência de parte da sociedade e de setores do próprio Congresso, parece ter perdido tração. O tarifaço pode ter sido o golpe final para as esperanças bolsonaristas de ver a anistia aprovada no curto prazo.
Fonte: Metrópoles