Presidente da Câmara critica obstrução liderada por oposição e afirma que interesses pessoais não podem se sobrepor à pauta nacional
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| Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados |
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), abriu a sessão plenária da noite desta quarta-feira (6), por volta das 22h30, após mais de 24 horas de obstrução promovida por parlamentares da oposição. Os deputados protestam contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro e pedem a votação de pautas como anistia geral e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao retomar os trabalhos, Motta criticou a ocupação da Mesa Diretora e alertou que manifestações devem respeitar o regimento da Casa. “A oposição tem todo o direito de se manifestar, de expressar sua vontade. Mas tudo isso tem que ser feito obedecendo o nosso regimento e a nossa Constituição”, afirmou. “Não vamos permitir que atos como esse sejam maiores que o Plenário e a vontade desta Casa”, completou.
Desde a manhã de terça-feira (5), parlamentares ligados ao Partido Liberal (PL) e outras siglas da oposição vêm ocupando os plenários da Câmara e do Senado. Durante a abertura da sessão, Hugo Motta teve dificuldades para assumir sua cadeira, devido à resistência de deputados como Marcel van Hattem (Novo-RS) e Marcos Pollon (PL-MS).
Segundo Motta, interesses pessoais ou eleitorais não podem prevalecer sobre as necessidades do país. “Projetos individuais não podem estar acima do que é maior que todos nós: o povo brasileiro, que precisa das nossas decisões.”
Apesar de pedir diálogo e respeito, o presidente da Câmara garantiu firmeza na condução dos trabalhos. “O exercício do mandato se dá no respeito àquilo que é inegociável: o direito de cada um se posicionar e o direito de quem preside a Casa de presidir.”
Obstrução e possíveis punições
O Colégio de Líderes decidiu, ainda na quarta-feira, pela realização de uma sessão presencial às 20h30, mas o impasse com a oposição atrasou a abertura em mais de duas horas. Em nota, a Secretaria-Geral da Mesa alertou que condutas que impeçam o funcionamento da Casa podem levar à suspensão do mandato por até seis meses, conforme previsto no Regimento Interno.
Polêmica com presença de criança no Plenário
Durante a ocupação, a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) levou sua filha bebê ao plenário. A presença da criança motivou o deputado Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos, a apresentar denúncia ao Conselho Tutelar. “A criança foi exposta a um ambiente de instabilidade e risco físico”, afirmou.
A deputada se defendeu: “Fui chamada pelos colegas e tive que vir com a minha bebê. Será que vão tirar a gente à força?”, questionou, enquanto ocupava a cadeira da presidência.
Senado adota sessão remota
No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) determinou que a sessão deliberativa desta quinta-feira (7) ocorra de forma remota, para evitar novos bloqueios. “A decisão visa garantir o funcionamento da Casa e impedir que a pauta legislativa seja paralisada”, justificou.
Fonte: Agência Brasil
