Oposição ocupa Congresso durante a madrugada e trava votações

Parlamentares contrários à prisão de Bolsonaro exigem anistia, impeachment de Moraes e ameaçam pautas do governo

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Deputados e senadores da oposição, majoritariamente do Partido Liberal (PL), pernoitaram nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, na madrugada desta quarta-feira (6), em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo ocupou as mesas diretoras das duas Casas Legislativas, impossibilitando o início das atividades e votações previstas.

A ocupação, que começou na noite de terça-feira (5), prosseguiu até o início da manhã desta quarta, com revezamento entre os parlamentares. A ação, considerada “inusitada e alheia aos princípios democráticos” pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), gerou forte reação entre lideranças da base governista e acendeu o alerta sobre uma nova tentativa de ruptura institucional.

Anistia e impeachment como exigência

A principal reivindicação dos oposicionistas é a votação imediata de dois temas: uma proposta de anistia geral e irrestrita aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, e o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pela decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro e relator da ação penal contra ele no caso da suposta tentativa de golpe de Estado.

Na ação, Bolsonaro é acusado de pressionar comandos militares para invalidar as eleições de 2022, além de envolvimento em supostos planos de atentado e prisão de autoridades. O ex-presidente nega as acusações.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos que passaram a madrugada no plenário do Senado, afirmou nas redes sociais que a ocupação é uma forma de “pressionar pela pauta que interessa ao Brasil”. “Estamos aqui às 4h44 da manhã. Meu plantão no Senado é até às 6 horas. Nos revezamos para manter a ocupação da mesa diretora”, declarou.

Impacto em votações prioritárias

A ocupação da oposição comprometeu a tramitação de projetos considerados prioritários para o governo federal, entre eles, o que trata da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR). A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou ontem o projeto que isenta do IR quem recebe até dois salários mínimos. A proposta substitui a Medida Provisória 1.294/2025 e ainda precisa ser votada em plenário.

Outra proposta, em pauta na Câmara, pretende ampliar a isenção para quem recebe até R$ 5 mil. Segundo o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Casa, a ação da oposição “é uma chantagem inaceitável” e prejudica milhões de brasileiros. “Dez milhões de pessoas perdem por causa deles”, escreveu em suas redes.

Reações dos presidentes da Câmara e Senado

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), optou por não criticar diretamente a ocupação e cancelou a sessão de terça. Para esta quarta-feira (6), convocou uma reunião de líderes para tentar retomar a normalidade dos trabalhos legislativos. “O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento”, publicou.

Davi Alcolumbre, por sua vez, foi mais incisivo e classificou a mobilização como uma atitude “alheia aos princípios democráticos”. Ele também convocou reunião com os líderes partidários e apelou ao “bom senso” para que o Legislativo volte à atividade regular.

A expectativa agora recai sobre os desdobramentos das reuniões de líderes ao longo do dia, que podem definir se haverá votações ainda nesta semana ou se o impasse político será prolongado.

Fonte: Agência Brasil

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