Secretário da Fazenda alerta para “descontrole” e aponta vício em apostas como desafio social
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Foto: Getty Images |
As empresas de apostas esportivas e jogos online registraram um faturamento de R$ 17,4 bilhões no Brasil apenas no primeiro semestre de 2025, segundo dados inéditos da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda. O levantamento marca a primeira radiografia oficial do setor regulado e mostra que 17,7 milhões de brasileiros estão ativos nesse mercado, dos quais 71% são homens e metade tem até 30 anos.
Em entrevista, o secretário Regis Dudena destacou que o crescimento acelerado e sem controle do setor, especialmente entre 2019 e 2022, “é muito responsável pelos problemas que vivenciamos hoje”. Ele defendeu que a regulação recente representa um marco:
“O Estado brasileiro tomou o controle de volta desse setor. Agora sabemos exatamente quantos apostam, quanto depositam, quanto perdem e ganham.”
De acordo com os dados, o gasto médio por apostador ativo é de R$ 983 a cada semestre, cerca de R$ 164 por mês. Dudena alerta, no entanto, que a tendência é de perda:
“A população precisa entender que, ao apostar, a tendência é perder dinheiro.”
A regulamentação também trouxe mecanismos de jogo responsável, impondo às casas de apostas a obrigação de oferecer limites de tempo e gasto, além de ferramentas de autoexclusão. Segundo Dudena, a responsabilidade não deve ser vista apenas como individual:
“A responsabilidade no jogo responsável é, primariamente, da casa de aposta.”
O Ministério da Fazenda também confirmou que está desenvolvendo sistemas para impedir que beneficiários do Bolsa Família e do BPC depositem recursos em sites de apostas. Além disso, sites ilegais continuam sendo monitorados e derrubados em parceria com o Banco Central e a Polícia Federal.
O desafio agora, segundo o secretário, é equilibrar o setor entre arrecadação, regulação e proteção social, prevenindo casos de ludopatia (vício em jogos) e riscos de endividamento em massa.
Fonte: Folha de São Paulo