Empresa britânica vê no Brasil novo polo estratégico de produção, mesmo com presença de altos níveis de CO₂
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Plataforma de petróleo da BP - Andy Buchanan - 24.fev.2014/AFP |
A petroleira britânica BP (British Petroleum) anunciou nesta segunda-feira (4) a realização da sua maior descoberta de petróleo e gás natural das últimas duas décadas e meia. A jazida foi localizada na Bacia de Santos, em águas profundas do pré-sal brasileiro, um dos territórios mais promissores do mundo na exploração de hidrocarbonetos.
Segundo comunicado divulgado pela empresa, os resultados da análise in loco indicam a presença de petróleo e gás em volumes significativos, embora também tenham sido detectados níveis elevados de dióxido de carbono (CO₂) na área. “Os resultados da análise no local da perfuração indicam níveis elevados de dióxido de carbono”, afirmou Gordon Birrell, vice-presidente executivo da BP.
A companhia informou que, a partir desta etapa, iniciará uma análise laboratorial detalhada para compreender as características do reservatório e avaliar o potencial comercial da descoberta. A notícia animou o mercado: as ações da BP, listadas em Londres, registraram alta de 1,4% logo após a divulgação do anúncio.
A nova descoberta ocorre um dia antes da divulgação oficial dos resultados financeiros da empresa no segundo trimestre de 2025, o que deve repercutir entre os acionistas e investidores globais.
Redirecionamento estratégico para combustíveis fósseis
Desde o ano passado, a BP tem reorientado sua estratégia de negócios, priorizando novamente a produção de petróleo e gás, após um período de investimentos mais agressivos em energias renováveis que não trouxeram o retorno esperado pelos investidores. A meta da petroleira é elevar sua produção global para um patamar entre 2,3 e 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2030.
Em 2024, a empresa atingiu a marca de 2,4 milhões de barris/dia, mas projeta uma leve queda em 2025. A descoberta no Brasil é vista como parte central do plano de expansão para manter a competitividade da BP no mercado internacional.
Brasil no centro da nova fronteira energética
Com essa descoberta, a BP sinaliza que o Brasil pode se tornar um novo centro estratégico de exploração e produção para a companhia. A empresa detém 100% de participação no bloco Bumerangue, área onde ocorreu a perfuração. A gestão do contrato de partilha de produção está a cargo da estatal brasileira PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A).
O bloco foi arrematado pela empresa em dezembro de 2022, durante um leilão realizado pelo governo brasileiro, em condições que a própria BP classificou como "muito vantajosas do ponto de vista comercial".
Esta é a décima descoberta relevante da companhia em 2025, com sucessos também registrados em Trinidad e Tobago, Egito e outros mercados estratégicos.
Próximos passos e impacto
Apesar do otimismo, ainda é necessário entender como os altos níveis de CO₂ no reservatório podem afetar a viabilidade econômica e ambiental da exploração. Esse tipo de característica pode exigir investimentos adicionais em tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS), tema que vem ganhando destaque global na indústria de petróleo e gás.
Com a nova descoberta, a BP reforça sua posição em um dos cenários mais dinâmicos da indústria energética mundial e coloca o Brasil novamente sob os holofotes do setor, em meio a uma transição energética ainda marcada por incertezas geopolíticas e disputas comerciais.
Fonte: Folha de S. Paulo