Habilitação impulsiona exportações para o gigante asiático enquanto produtores brasileiros buscam alternativas ao aumento de tarifas nos Estados Unidos
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Foto: Cristina Indio do Brasil |
A China habilitou oficialmente 183 novas empresas brasileiras para exportar café ao seu mercado. O anúncio, feito pela Embaixada da China no Brasil através das redes sociais, destaca que a medida já está em vigor desde o dia 30 de julho e terá validade de cinco anos. Curiosamente, a decisão chinesa coincidiu com a data em que os Estados Unidos oficializaram, por meio de ordem assinada pelo presidente Donald Trump, o aumento tarifário de 50% sobre o café brasileiro.
Em publicação anterior, a representação diplomática da China já havia destacado o crescimento do consumo interno de café no país, apontando que, embora ainda baixo em comparação com a média global, o hábito está se consolidando entre os consumidores chineses. De 2020 a 2024, as importações líquidas de café na China aumentaram em 13,08 mil toneladas. Atualmente, o consumo per capita no país é de 16 xícaras ao ano, muito abaixo da média global de 240, o que indica um vasto potencial de expansão.
Apesar do impacto potencial da nova habilitação, nem o Ministério da Agricultura nem o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) se manifestaram oficialmente até o momento. No entanto, o anúncio surge como alento em meio a um cenário de incerteza para os produtores nacionais.
Isso porque os Estados Unidos, principal destino do café brasileiro — responsáveis por 23% das exportações em 2024 —, oficializaram um aumento de 50% nas tarifas sobre o produto. Entre janeiro e junho de 2025, o Brasil exportou mais de 3,3 milhões de sacas de café para os EUA, enquanto para a China foram pouco mais de 529 mil sacas.
Segundo o Cepea/Esalq-USP, a imposição norte-americana pode obrigar os exportadores a buscarem novos mercados com rapidez, exigindo eficiência logística e estratégia comercial para evitar prejuízos à cadeia produtiva nacional.
Vale destacar que a nova ordem tarifária dos EUA, assinada no mesmo dia da habilitação chinesa, incluiu cerca de 700 exceções, como suco de laranja, fertilizantes e aeronaves civis — mas o café ficou de fora. Diante disso, o Cecafé informou que seguirá em tratativas diplomáticas para tentar incluir o produto na lista de exceções e reverter a taxação.
Assim, enquanto os Estados Unidos apertam as barreiras comerciais, a China sinaliza abertura — e pode se tornar uma aliada estratégica para os cafeicultores brasileiros em busca de novos horizontes.
Fonte: Agencia Brasil