Parlamentares são acusados de obstrução dos trabalhos e agressão durante motim; Conselho de Ética decidirá sobre punições
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Bolsonaristas protestam na Câmara dos Deputados, em 5 de agosto de 2025. Foto: José Cruz/Agência Brasil |
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, encaminhou à Corregedoria da Casa pedidos de afastamento temporário — por até seis meses — contra 15 parlamentares envolvidos nos episódios de tumulto ocorridos nos dias 5 e 6 de agosto no Congresso Nacional. Entre os citados, estão 14 deputados de oposição, acusados de participar da ocupação da Mesa Diretora, e uma deputada do PT, denunciada por agressão física.
As solicitações precisam ser analisadas e votadas pelo Conselho de Ética da Câmara antes de qualquer decisão final.
Acusações e partidos
Segundo as denúncias, a maioria dos oposicionistas integra o Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o partido Novo. Eles teriam impedido a retomada dos trabalhos legislativos ao ocupar a Mesa Diretora do plenário. Já a deputada Camila Jara (PT-MS) foi acusada de empurrar o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante a disputa pelo controle do espaço.
Lista dos deputados citados
1. Marcos Pollon (PL-MS)
2. Zé Trovão (PL-SC)Decisão da Mesa Diretora
A medida foi definida após reunião da Mesa Diretora nesta sexta-feira (8). Em nota, a Secretaria-Geral informou:
“A Mesa da Câmara dos Deputados se reuniu nesta sexta-feira, 8 de agosto, para tratar das condutas praticadas por diversos deputados federais nos dias 5 e 6. A fim de permitir a devida apuração do ocorrido, decidiu-se pelo imediato encaminhamento de todas as denúncias à Corregedoria Parlamentar para a devida análise.”
Após a análise das imagens e demais provas pela Corregedoria, os processos retornarão à Mesa e, posteriormente, seguirão para deliberação no Conselho de Ética.
Representações e defesa
Pela manhã, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), apresentou ofício pedindo a abertura de processo disciplinar e suspensão cautelar de cinco parlamentares bolsonaristas. Já deputados da oposição solicitaram a suspensão da petista Camila Jara.
Entre as acusações, Marcos Pollon é apontado como o último a deixar a cadeira da Presidência, além de supostamente ter ofendido Hugo Motta dias antes. Ele se defendeu afirmando ser autista e que se sentou brevemente na cadeira para conversar com Marcel van Hattem.
Zé Trovão é acusado por PT, PSB e PSOL de tentar impedir fisicamente o retorno de Motta à Mesa Diretora. Júlia Zanatta teria utilizado sua filha de quatro meses como “escudo” e a exposto a ambiente de risco.
Paulo Bilynskyj é acusado de “sequestrar” a Mesa Diretora e ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos, impedindo o trabalho do presidente da comissão, além de agredir o jornalista Guga Noblat.
Van Hattem, acusado de tomar a cadeira da presidência, publicou um trecho do Hino Nacional e disse que eventual suspensão de mandato seria “golpe”.
Quanto à acusação contra Camila Jara, sua assessoria nega agressão e afirma que houve apenas um empurra-empurra, no qual a deputada teria afastado Nikolas Ferreira, causando desequilíbrio do colega.
Fonte: Agência Brasil