Senado dos EUA derruba emergência econômica e contesta tarifa de Trump contra o Brasil

Parlamentares afirmam que presidente extrapolou poderes ao justificar sobretaxa por razões políticas e ideológicas

O edifício do Capitólio dos EUA em Washington, DC  • Al Drago/Bloomberg

Por 52 votos a 48, o Senado dos Estados Unidos aprovou nesta segunda-feira (27) uma resolução que revoga a emergência econômica decretada pelo presidente Donald Trump, medida que serviu de base para aplicar uma tarifa de 40% sobre centenas de produtos brasileiros importados desde 6 de agosto. Somado aos 10% das chamadas “tarifas recíprocas” anunciadas anteriormente, o Brasil enfrenta atualmente uma sobretaxa total de 50%.

Apesar da derrota política, a decisão não altera imediatamente as tarifas: a resolução precisaria ser votada também na Câmara — cenário improvável diante do bloqueio da liderança republicana.

Para a maioria do Senado, Trump excedeu seus poderes ao acusar o Brasil de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro e limitar a liberdade de expressão, em referenciações às decisões do STF, além de afetar os interesses de big techs norte-americanas.

O senador democrata Tim Kaine, um dos autores da resolução, afirmou que a tarifa impacta o cotidiano dos americanos: “as pessoas estão sofrendo; os americanos não deveriam pagar mais pelo café matinal ou pelo seu hambúrguer”, lembrando que grande parte do café e da carne bovina consumida nos EUA é de origem brasileira.

O movimento representa um raro desafio interno: cinco republicanos se uniram aos democratas. A medida conta com apoio bipartidário, assinada por nomes como Chuck Schumer, Angus King, Bernie Sanders e Rand Paul.

Pressões e desgaste interno

O vice-presidente JD Vance tentou evitar a derrota alegando que as tarifas garantem “poder de barganha” para Trump, mas ouviu críticas sobre o aumento de preços e a recente decisão do governo de importar carne da Argentina.

Republicanos dissidentes apontam prejuízos a estados produtores e temem retaliações de parceiros comerciais. Rand Paul destacou que a guerra tarifária afastou a China, que deixou de comprar soja dos EUA, pressionando agricultores.

Câmara deve barrar avanço

Mesmo com repercussão política, a Câmara alterou o regimento para impedir que resoluções contra as tarifas de Trump sejam votadas, estratégia que já havia bloqueado proposta semelhante sobre o Canadá.

Relação comercial em reconstrução

A tensão ocorre no momento em que Brasil e Estados Unidos iniciam negociações para tentativa de normalização após a mais profunda crise bilateral em dois séculos de parceria diplomática.

Fonte: UOL

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