Doença de Chagas preocupa autoridades e acende alerta no Piauí e em outros estados brasileiros

Apesar de o Pará concentrar 80% dos casos, infecção ainda é registrada no Piauí, com histórico de surtos e mortes em diversas regiões

Foto: Reprodução/FiocruzA doença de Chagas é transmitida pelo barbeiro infectado

A doença de Chagas, descoberta há mais de um século por Carlos Chagas, continua sendo uma grave ameaça à saúde pública no Brasil e em toda a América Latina. Segundo dados da Fiocruz e da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 6 milhões de pessoas estão infectadas pelo parasita Trypanosoma cruzi no continente, e cerca de 14 mil morrem anualmente por complicações decorrentes da doença.

No Brasil, estima-se que um milhão de pessoas convivam com a infecção, e embora o Pará concentre 80% dos casos registrados, o Piauí também aparece entre os estados com histórico de ocorrências e mortes relacionadas à doença, especialmente em áreas rurais e municípios do interior.

Foto: Reprodução/FiocruzA doença de Chagas é transmitida pelo barbeiro infectado

Situação no Piauí e em outros estados do Nordeste
Relatórios do Ministério da Saúde apontam que o Piauí apresentou surtos e óbitos associados à doença de Chagas ao longo da última década. Em 2011, por exemplo, o estado registrou taxa de mortalidade de 2,8 por 100 mil habitantes, uma das mais altas do Nordeste.
As regiões mais afetadas estão no Centro-Sul e no semiárido piauiense, onde ainda há condições propícias para o surgimento do barbeiro, inseto vetor do Trypanosoma cruzi. A vigilância sanitária também monitora o risco de transmissão oral, sobretudo em locais com manipulação artesanal de alimentos como açaí e caldo de cana, que já causaram surtos em estados vizinhos.

De acordo com especialistas, o Piauí deve permanecer em estado de atenção permanente, especialmente em municípios com histórico de casas de taipa, áreas de mata próxima e falta de saneamento básico, que favorecem a presença do inseto. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) reforça que qualquer suspeita deve ser comunicada imediatamente à Unidade Básica de Saúde, onde o paciente pode realizar exames e iniciar o tratamento gratuito com benzonidazol, distribuído pelo SUS.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por exames parasitológicos e sorológicos. Segundo a OMS, menos de 10% dos infectados na América Latina são diagnosticados e apenas 1% recebe o tratamento adequado.
No Brasil, o tratamento é gratuito e mais eficaz nas fases iniciais. O acompanhamento médico é fundamental, pois a doença pode evoluir silenciosamente por décadas e causar problemas cardíacos graves, como insuficiência cardíaca e arritmias, além de complicações digestivas severas.

João Risi/Ministério da SaúdeA doença de Chagas foi tema de debate no primeiro dia da COP30

Contexto nacional e ambiental
Durante a COP30, realizada em Belém (PA), a doença de Chagas foi discutida em painéis sobre mudanças climáticas e saúde pública, destacando como o avanço do desmatamento e a migração de vetores para novas áreas aumentam o risco de transmissão em estados amazônicos e no Nordeste.
O coordenador do Programa de Controle da Doença de Chagas da Sespa, Éder Monteiro, alertou que o Pará, mesmo concentrando 80% dos casos, é um exemplo da necessidade de vigilância constante: “A maioria das infecções recentes é oral, ligada à manipulação inadequada do açaí, mas o risco ambiental permanece alto em toda a região amazônica e seus entornos.”

Chagas ainda mata
Embora o número de mortes tenha diminuído levemente entre 2010 e 2020, a doença ainda provoca centenas de óbitos anuais no Brasil. Estados como Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Goiás estão entre os mais afetados, mas o Piauí segue registrando casos esporádicos e pacientes com sequelas crônicas, o que reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.

Autoridades de saúde alertam que a doença de Chagas é silenciosa, mas letal, e que a falta de sintomas iniciais não deve ser motivo para descuido. Com o avanço das políticas públicas e a vigilância integrada entre SESAPI, Fiocruz e Ministério da Saúde, o objetivo é evitar o retorno de surtos e garantir que o Piauí continue fora do mapa das áreas críticas da doença.

Fonte: IG

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