Investigação aponta esquema de R$ 56 milhões envolvendo prefeito, vice, vereadores, empresas de fachada e familiares
 |
| Prefeito de Turilândia, Paulo Curió — Foto: Divulgação |
O prefeito de Turilândia, no Maranhão, Paulo Curió (União Brasil), se entregou à polícia nesta quarta-feira (24), após permanecer foragido desde a deflagração da Operação Tântalo II. A ação, conduzida pelo Ministério Público do Maranhão por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), investiga um esquema de desvio de aproximadamente R$ 56 milhões dos cofres públicos do município.
 |
| Tânia Mendes (vice-prefeita), e todos os 11 vereadores de Turilândia estão envolvidos em desvios de dinheiro público, segundo o MP-MA — Foto: Divulgação/Câmara de Turilândia |
Segundo as investigações, a organização criminosa teria sido estruturada durante a gestão de Paulo Curió, entre os anos de 2021 e 2025, e contaria com a participação de praticamente todo o núcleo político local. Além do prefeito, são citados como envolvidos a atual vice-prefeita Tânia Mendes, a ex-vice-prefeita Janaína Lima, os 11 vereadores do município, servidores públicos, empresários e outros agentes políticos.
De acordo com o promotor Fernando Berniz, do GAECO, o esquema atingia diretamente o Poder Legislativo municipal. “Na Câmara, todos os vereadores faziam parte do esquema, recebendo dinheiro desviado diretamente ou por meio de parentes”, afirmou.
Com a entrega de Paulo Curió, ele e a vice-prefeita Tânia Mendes serão encaminhados à Unidade Prisional de Ressocialização de Pedrinhas, em São Luís, onde cumprirão prisão preventiva. Já os vereadores tiveram as prisões convertidas em medidas alternativas, como prisão domiciliar ou uso de tornozeleira eletrônica. Segundo o Ministério Público, a decisão judicial levou em conta a necessidade de manter o funcionamento administrativo do município, uma vez que o presidente da Câmara deverá assumir interinamente a Prefeitura.
A Operação Tântalo II cumpriu 51 mandados de busca e apreensão e 21 mandados de prisão em diversos municípios maranhenses, incluindo São Luís, Paço do Lumiar, Pinheiro, Barreirinhas, São José de Ribamar e Presidente Sarney. A ação é um desdobramento da primeira fase da Operação Tântalo, realizada em fevereiro deste ano.
As apurações apontam a prática de crimes como organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro. O esquema funcionava, segundo o MP-MA, por meio de contratos fraudulentos firmados com empresas de fachada criadas ou controladas por aliados do prefeito.
Entre as empresas citadas nas investigações estão Posto Turi, SP Freitas Júnior Ltda, Luminer Serviços Ltda, MR Costa Ltda, AB Ferreira Ltda, Climatech Refrigeração e Serviços Ltda, JEC Empreendimentos, Potencial Empreendimentos e Cia Ltda, WJ Barros Consultoria Contábil e Agromais Pecuária e Piscicultura Ltda. Essas empresas teriam sido utilizadas para emitir notas fiscais falsas e desviar recursos públicos.
A investigação também detalha o papel central da ex-vice-prefeita Janaína Lima e de seu marido, Marlon Zerrão, proprietário do Posto Turi. Segundo o Ministério Público, a empresa recebeu mais de R$ 17 milhões da Prefeitura de Turilândia. Parte desses recursos, cerca de 10%, teria sido destinada ao pagamento da faculdade de medicina de Janaína, enquanto o restante era repassado ao prefeito ou a pessoas por ele indicadas.
Ainda conforme os investigadores, a atual vice-prefeita Tânia Mendes e seu marido, Ilan Alfredo Mendes, são suspeitos de receber valores provenientes de empresas contratadas pelo município, inclusive relacionados à comercialização de notas fiscais falsas. O MP sustenta que a composição da chapa eleitoral teria como objetivo manter a influência política e financeira do grupo no comando da administração municipal.
Até a última atualização desta matéria, os investigados não haviam se manifestado oficialmente sobre as acusações.
Fonte: G1 MA