Atividade econômica avança 1,3% no 1º trimestre e acumula alta de 4,2% em 12 meses

Dados do Banco Central reforçam retomada gradual da economia, mesmo com juros altos e inflação pressionada por alimentos e energia


Foto: Marcello Casal Jr - Agência Brasil

A atividade econômica brasileira registrou crescimento de 1,3% no primeiro trimestre de 2025, na comparação com o último trimestre de 2024, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (19) pelo Banco Central. O resultado foi calculado a partir do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado uma espécie de “prévia” do PIB.

Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a alta foi de 3,7% (sem ajuste sazonal), sinalizando uma tendência de retomada contínua da economia, mesmo em um cenário de juros elevados.

O resultado de março, especificamente, mostrou avanço de 0,8% em relação a fevereiro, já descontadas as variações sazonais. Em relação a março de 2024, o crescimento foi de 3,5%. No acumulado dos três primeiros meses do ano, o IBC-Br cresceu 3,7%. Já nos 12 meses encerrados em março, a alta é de 4,2%.

Índice é usado para guiar política de juros

Embora não substitua o PIB — calculado pelo IBGE com metodologia distinta — o IBC-Br serve como termômetro da atividade econômica e é um dos principais indicadores acompanhados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para definir a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 14,75% ao ano.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Juros mais altos tendem a frear o consumo e o investimento, ajudando a conter a alta dos preços. Por outro lado, juros elevados também podem inibir o crescimento econômico.

De acordo com o BC, o índice reflete dados de desempenho da indústria, comércio, serviços, agropecuária e da arrecadação de impostos.

Inflação ainda preocupa

Apesar da expansão econômica, a inflação segue pressionando o cenário macroeconômico. Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 0,43%, puxado principalmente pelos preços dos alimentos e medicamentos. No acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 5,53%, ultrapassando o teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5% para 2025.

Esse cenário levou o Copom a promover, no início deste mês, o sexto aumento consecutivo da Selic, elevando-a em 0,5 ponto percentual. Em nota, o Comitê afirmou que a persistência das incertezas, tanto internas quanto externas, exigirá prudência em futuras decisões sobre a taxa básica de juros.

Crédito mais caro, consumo contido

Com a Selic em alta, o crédito bancário também fica mais caro. Em março, a taxa média de juros cobrados de pessoas físicas e empresas alcançou 44%, o maior patamar em quase dois anos. A medida encarece o financiamento de bens duráveis e investimentos, o que pode impactar o crescimento nos próximos trimestres.

Ainda assim, o desempenho do IBC-Br nos primeiros meses do ano sinaliza que a atividade econômica tem resistido à política monetária mais rígida, ao menos até agora.

Crescimento do PIB em 2024

Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 3,4% em 2024 — o quarto ano consecutivo de expansão. Foi o melhor resultado desde 2021, quando a economia teve avanço de 4,8%.

Embora o IBC-Br não seja um substituto do PIB, os dados reforçam as expectativas de um crescimento moderado para 2025, sustentado principalmente pela agropecuária, serviços e recuperação gradual da indústria.

Projeções e desafios

Economistas seguem divididos sobre o rumo da economia nos próximos meses. Se, por um lado, os dados de atividade e o desempenho do IBC-Br são animadores, por outro, os juros altos, a inflação ainda elevada e as incertezas globais continuam sendo obstáculos ao crescimento sustentável.

O próximo desafio do Banco Central será encontrar o equilíbrio entre manter a inflação sob controle e permitir que a economia continue crescendo. O resultado da próxima reunião do Copom, marcada para a segunda quinzena de junho, poderá indicar se haverá espaço para uma desaceleração no ritmo de alta dos juros — ou até uma futura estabilização.

Fonte: Agência Brasil

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