Ação investiga crimes eleitorais em Roraima e envolve apreensão de R$ 500 mil; Justiça bloqueia mais de R$ 10 milhões dos investigados
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Reprodução/Youtube/CBF |
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, é um dos alvos da Operação Caixa Preta, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (30), por determinação da Justiça Eleitoral de Roraima. Agentes federais estiveram na sede da entidade, na Barra da Tijuca (RJ), por volta das 6h30, permanecendo no local por cerca de 30 minutos.
Segundo nota da CBF, nada foi levado da sede e a entidade afirmou não ter relação com o objeto da investigação. A nota também reforça que Samir Xaud “não é o centro das apurações” e que até o momento não recebeu comunicações oficiais sobre o inquérito.
A investigação da PF está relacionada a suspeitas de crimes eleitorais cometidos em Roraima. A apuração teve início após a apreensão de R$ 500 mil em espécie, realizada em setembro de 2024, às vésperas das eleições municipais. A quantia foi encontrada em posse do empresário Renildo Lima, marido da deputada federal Helena da Asatur (MDB-RR), figura influente no grupo político ao qual Xaud também pertence.
Helena é ligada à empresa Asatur, que já patrocinou o Campeonato Roraimense. Renildo Lima foi detido na ocasião. Com o avanço das investigações, a Justiça autorizou o cumprimento de dez mandados de busca e apreensão, realizados simultaneamente em Roraima e no Rio de Janeiro, além do bloqueio de mais de R$ 10 milhões dos envolvidos.
Samir Xaud tem forte ligação com o futebol roraimense. Antes de assumir a presidência da CBF, ele era dirigente da Federação Roraimense de Futebol (FRF), entidade comandada por seu pai por mais de 40 anos. Poucos meses antes de ser eleito para o comando nacional do futebol, Xaud havia assumido a presidência da federação estadual.
Além disso, em 2022, Samir Xaud se candidatou a deputado federal pelo MDB, mas obteve apenas 4.816 votos (1,65% do total) e não foi eleito. Na mesma época, ele foi intimado em um processo por improbidade administrativa referente ao período em que ocupou a direção geral do Hospital Geral de Roraima, em 2018. A ação, movida pelo Tribunal de Contas do Estado, tramita no Tribunal de Justiça de Roraima. A defesa de Xaud afirma que ele é inocente.
A Polícia Federal declarou que não divulga nomes de investigados e que as informações disponíveis estão restritas à nota oficial emitida. O UOL entrou em contato solicitando mais detalhes, mas a PF manteve a posição de sigilo sobre a investigação.
Confira a nota da CBF na íntegra:
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informa que recebeu agentes da Polícia Federal em sua sede entre 6h24 e 6h52 desta quarta-feira, num desdobramento de investigação determinada pela Justiça Eleitoral de Roraima.
É importante ressaltar que a operação não tem qualquer relação com a CBF ou futebol brasileiro e que o presidente da entidade, Samir Xaud, não é o centro das apurações.
A CBF esclarece que, até o momento, não recebeu nenhuma informação oficial sobre o objeto da investigação. Nenhum equipamento ou material foi levado pelos agentes. O Presidente Samir Xaud permanece tranquilo e à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.
Confira a nota da PF:
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (30/7), a Operação Caixa Preta, com o objetivo de investigar suspeita da prática de crimes eleitorais em Roraima.
A investigação teve início após a apreensão de R$ 500 mil, em setembro de 2024, às vésperas das eleições municipais.
Estão sendo cumpridos dez mandados de busca e apreensão nos estados de Roraima e Rio de Janeiro, além do bloqueio judicial de mais de R$ 10 milhões nas contas dos investigados.