Relação entre Governo e Congresso atinge pior momento, aponta pesquisa

Deputados preveem dificuldades na aprovação de pautas do Executivo no segundo semestre; clima político se agrava com antecipação eleitoral e CPI do INSS 

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A mais recente rodada da pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (2), acendeu o sinal de alerta no Palácio do Planalto. Segundo o levantamento, feito com mais de 200 deputados federais, 57% dos parlamentares avaliam que o governo Lula tem poucas chances de aprovar sua agenda no segundo semestre de 2025.

A queda na expectativa, em comparação ao mesmo período de 2023, revela o crescimento do desgaste na relação entre o Executivo e o Legislativo, em um momento considerado o mais crítico do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ambiente político em deterioração

Fontes do governo admitem que a relação com o Congresso atravessa seu pior momento desde o início da atual gestão. O clima de desconfiança, que já vinha se instalando, ganhou força com derrotas legislativas recentes e embates institucionais. A pesquisa da Quaest foi iniciada em maio, antes mesmo da piora acentuada nas últimas semanas, o que indica que o desgaste é anterior aos episódios mais recentes de tensão.

Segundo integrantes da articulação política, a tendência é de agravamento do cenário no segundo semestre. O ambiente de polarização precoce causado pelo debate eleitoral e o avanço de pautas com forte apelo político têm limitado o espaço para negociações entre Planalto e base parlamentar.

Aprovações pontuais e impasse com o Congresso

Apesar da aprovação no Senado, na terça-feira (1º), do projeto que destina recursos do pré-sal à habitação popular, o governo considera o caso um “ponto fora da curva”, já que o texto também contempla interesses diretos do Congresso, como novos leilões de petróleo, que podem resultar em aumento da arrecadação e mais recursos para emendas parlamentares.

Com isso, a governabilidade dependerá cada vez mais da conciliação entre prioridades do Executivo e pautas com impacto eleitoral para os congressistas, especialmente de olho em 2026.

Calendário eleitoral e tensão institucional

A derrota imposta ao governo na votação do decreto do IOF, na semana passada, acentuou os conflitos. A decisão do Planalto de acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a constitucionalidade do decreto é vista por parlamentares como uma tentativa de emparedar o Legislativo.

No governo, cresce a percepção de que projetos com apelo popular ou social encontrarão maior resistência no Congresso, o que pode prejudicar políticas de impacto direto junto ao eleitorado.

CPI do INSS e riscos adicionais

Outro fator de tensão é a instalação da CPMI do INSS, voltada a investigar descontos indevidos em benefícios previdenciários. A comissão deve contar com forte presença da oposição, o que aumenta os riscos de desgaste político para o Executivo ao longo do segundo semestre.

Governabilidade sob risco

Com isolamento crescente e menor margem de negociação, o governo se prepara para enfrentar um Congresso mais autônomo, com agendas próprias e foco no calendário eleitoral. A aprovação de pautas estratégicas dependerá de arranjos pragmáticos e da capacidade de neutralizar movimentos de pressão por parte do Centrão e de bancadas temáticas.

Nos bastidores, assessores já trabalham com o cenário de que sem contrapartidas políticas ou orçamentárias, será difícil avançar com propostas prioritárias para o Executivo.

Fonte: G1

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