Presidente americano mistura política externa com ataques ao Judiciário brasileiro e defesa explícita do ex-presidente acusado de golpe.
![]() |
O presidente dos EUA, Trump, realiza uma reunião de gabinete na Casa Branca, em Washington — Foto: Reuters/Kevin Lamarque |
O ataque comercial lançado por Donald Trump ao Brasil, com o aumento das tarifas em cinco vezes, escancarou sua interferência direta na política interna do país. Em uma carta mais agressiva que a enviada a outros governos, o presidente dos EUA usa o poder econômico para pressionar o governo Lula e defender seu aliado político, Jair Bolsonaro.
Trump exige o fim do julgamento contra o ex-presidente brasileiro — acusado de tentativa de golpe de Estado — e ainda acusa o Brasil de atacar eleições livres, cercear a liberdade de expressão dos americanos e aplicar “centenas de ordens de censura” via STF contra redes sociais.
Na carta, chama de “vergonha internacional” o tratamento dado a Bolsonaro e afirma:
“Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deveria terminar imediatamente.”
A retórica ecoa o próprio discurso de Trump quando enfrentou processos de impeachment e ações criminais nos EUA, inclusive concorrendo à presidência como réu condenado.
A ofensiva contra o Brasil segue a mesma lógica de ameaças já feitas a países como a Colômbia. Porém, diferentemente de outros casos, os EUA possuem superávit comercial com o Brasil, o que elimina justificativas econômicas para a retaliação.
A motivação, segundo analistas, é política e ideológica. O desconforto com a liderança brasileira nos BRICS e a tentativa de reforçar narrativas antidemocráticas estão no centro da estratégia trumpista de diplomacia por intimidação.
Fonte: G1