Alfabetização de adultos pode elevar renda em até 16%, mostra estudo inédito

Pesquisa aponta que EJA aumenta renda, formalização e qualidade do trabalho, reforçando importância da modalidade no combate à desigualdade

Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Um estudo inédito encomendado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com a Unesco revelou que a educação de jovens e adultos (EJA) tem impacto direto na melhoria da renda, formalização e qualidade das ocupações de quem retorna à escola após não ter concluído os estudos na idade certa. A análise será apresentada nesta quarta-feira (10) durante o Seminário Nacional de Educação de Jovens e Adultos: 1º Ano do Pacto EJA.

O que é a EJA

A modalidade integra a educação básica e permite que jovens e adultos obtenham diploma do ensino fundamental ou médio em cursos mais rápidos que os regulares. Para a alfabetização (AJA), a idade mínima é de 15 anos; para os anos finais do fundamental, 15 anos; e para o médio, 18 anos.

O estudo destaca que, apesar dos avanços no acesso escolar, o Brasil ainda possui índices elevados de reprovação e evasão. Em 2023, por exemplo, 35 a cada 100 jovens não haviam concluído o ensino médio até os 20 anos.

Impacto na renda e no trabalho

Alfabetização (AJA): aumento médio de 16,3% na renda para quem concluiu, chegando a mais de 23% entre 46 e 60 anos; também amplia em 7,7 pontos percentuais a chance de trabalho formal.

Ensino Fundamental (EJA): incremento médio de 4,6% na renda, chegando a 14,9% entre 26 e 35 anos; elevação de 6,6 pp na formalidade e 3,2 pp em ocupações de qualidade.

Ensino Médio (EJA): acréscimo médio de 6% na renda; entre 26 e 35 anos, o aumento chega a 10%; a formalização cresce 9,4 pp e a qualidade do trabalho em 3,3 pp.

Para a pesquisadora Fabiana de Felicio, autora do estudo, os resultados reforçam o papel estratégico da modalidade: “Os ganhos ao longo da vida justificam os custos de curto prazo do retorno aos estudos. Além dos benefícios individuais, há impacto positivo para o desenvolvimento social e econômico, reduzindo pobreza e desigualdade.”

Pacto EJA e desafios

Lançado em 2024, o Pacto Nacional de Superação do Analfabetismo e Qualificação de Jovens e Adultos prevê 3,3 milhões de novas matrículas e investimento de R$ 4 bilhões em quatro anos.

De acordo com a Pnad Contínua/IBGE, o Brasil ainda possui 9,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais analfabetas, o equivalente a 5,3% da população nessa faixa etária.

Fonte: Agência Brasil

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