Relatório da OCDE aponta que país tem o 4º menor investimento entre nações avaliadas; salários de professores também estão entre os mais baixos
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Professor dá aula de matemática na escola municipal Pedro Aleixo, na zona leste de São Paulo - Lalo de Almeida - 3.dez.18/Folhapress |
O gasto público por aluno da educação básica no Brasil é de apenas US$ 3.872, valor que representa 31% da média dos países ricos membros da OCDE, de US$ 12.438 por estudante. Os dados fazem parte do relatório Education at a Glance 2025, divulgado nesta terça-feira (9).
A posição coloca o Brasil como 4º país com menor investimento por aluno entre os avaliados, à frente apenas de Turquia (US$ 3.374), África do Sul (US$ 3.108) e México (US$ 2.790). Na outra ponta, aparecem Luxemburgo (US$ 27.678), Coreia (US$ 21.476) e Suíça (US$ 21.091), com os maiores valores.
Diluição dos recursos e ensino superior
Embora o Brasil destine 4,3% do PIB à educação, proporção acima da média da OCDE (3,6%), o valor por aluno é menor devido ao grande número de matrículas — mais de 50 milhões na rede básica.
O relatório também destaca a particularidade do país em relação ao ensino superior. No Brasil, o gasto por aluno nessa etapa é praticamente o mesmo da educação básica, US$ 3.765, enquanto na OCDE a média é US$ 15.102 — 21,4% superior ao valor aplicado na educação básica.
Salário dos professores
Outro ponto crítico é a remuneração docente. O salário inicial dos professores brasileiros do ensino fundamental (6º ao 9º ano) é de US$ 24.526 por ano, o que equivale a 52% da média da OCDE (US$ 47.339) e coloca o país entre os três piores colocados, à frente apenas de Grécia e Eslováquia.
No comparativo com o topo da tabela, a diferença é ainda mais gritante: em Luxemburgo, a remuneração inicial chega a US$ 99.621, podendo alcançar US$ 173.165 anuais no fim da carreira.
Desafios apontados
O relatório ressalta que o salário dos professores representa a maior parcela dos gastos educacionais, impactando diretamente os índices de investimento por aluno. Também reforça que governos devem equilibrar eficiência no uso dos recursos com a busca por melhores resultados de aprendizagem.
Além do Brasil, participaram do estudo os 38 países da OCDE e outras nações convidadas, como Argentina, China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita e África do Sul.
Fonte: Folha de S. Paulo