Mercosul e EFTA assinarão acordo de livre comércio no Rio em meio a tensões com EUA

 Pacto, que cobre 97% das exportações entre os blocos, será oficializado em 16 de setembro e cria mercado de quase 300 milhões de pessoas com PIB conjunto de US$ 4,3 trilhões

Presidente Lula durante a 66ª Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e dos Estados AssociadosImagem: Ricardo Stuckert / PR

Após oito anos de negociações, os países do Mercosul vão assinar no próximo dia 16 de setembro, no Rio de Janeiro, um acordo de livre comércio com o EFTA, bloco europeu formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. O anúncio foi colocado oficialmente na agenda da cúpula do Mercosul pelo governo brasileiro e acontece em um contexto de atrito comercial com os Estados Unidos.

O tratado prevê a eliminação de tarifas para 97% das exportações de ambos os lados e abrange áreas como serviços, investimentos, propriedade intelectual, compras governamentais, concorrência, regras de origem, defesa comercial, medidas sanitárias e fitossanitárias, barreiras técnicas ao comércio e desenvolvimento sustentável. Também está previsto um mecanismo de solução de disputas.

Contexto internacional

A assinatura ocorrerá dias antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos EUA, onde abrirá a Assembleia Geral da ONU e deve criticar o unilateralismo e a ofensiva comercial de Donald Trump. O movimento é visto como resposta conjunta de países europeus e sul-americanos aos efeitos das tarifas impostas por Washington, que chegaram a 39% sobre produtos suíços — mais que o dobro das aplicadas à União Europeia.

Impactos econômicos

Em 2024, o comércio entre Brasil e EFTA somou US$ 7,2 bilhões, com destaque para exportações de ouro, produtos químicos, café, soja e carnes, enquanto as importações foram lideradas por máquinas, equipamentos, petróleo, gás e frutos do mar.

O governo suíço calcula que o acordo pode gerar economia anual de até US$ 180 milhões em tarifas e classifica o Mercosul, com 270 milhões de habitantes, como um mercado estratégico. Já a Noruega espera ampliar vendas de energia, transporte marítimo e pescados.

Em contrapartida, o Mercosul terá acesso a 25 cotas bilaterais para produtos agrícolas sensíveis nos mercados suíço e norueguês.

Potencial estratégico

Segundo as autoridades suíças, trata-se do acordo de livre comércio com maior potencial de economia desde os firmados com a União Europeia e a China, aproximando-se em impacto do tratado com a Índia.

Além disso, o pacto evita que Suíça e Noruega fiquem em desvantagem em relação à UE, que negocia um acordo próprio com o Mercosul, previsto para ser concluído ainda neste ano.

Fonte: UOL

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