Procurador-geral aponta articulação de sanções nos EUA para intimidar ministros e tentar impedir condenação de Jair Bolsonaro
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Foto: BolsonaroSP/X |
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o blogueiro Paulo Figueiredo, acusando-os do crime de coação no curso do processo. A medida foi protocolada no âmbito do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a atuação dos dois nos Estados Unidos, em articulação para pressionar autoridades brasileiras por meio da promoção de sanções internacionais.
De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, tanto Eduardo quanto Figueiredo trabalharam para difundir e apoiar “graves sanções” contra o Brasil, com o objetivo de intimidar ministros do STF e tentar impedir a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro na Ação Penal 2.668.
“Todo o percurso estratégico relatado confirma o dolo específico de Eduardo Bolsonaro e de Paulo Figueiredo de instaurar clima de instabilidade e de temor, projetando sobre as autoridades brasileiras a perspectiva de represálias estrangeiras e sobre a população o espectro de um país isolado e escarnecido”, afirmou Gonet no documento enviado ao Supremo.
Pressão e ameaças
Segundo a denúncia, os dois denunciados se apresentaram em entrevistas e nas redes sociais como articuladores diretos dessas sanções e chegaram a se colocar como os únicos capazes de “desativá-las”. Em contrapartida, cobraram publicamente que o STF não condenasse Jair Bolsonaro, caracterizando o que a PGR descreve como ameaça explícita contra os ministros da Corte.
“Apresentaram-se como patrocinadores dessas sanções, como seus articuladores e como as únicas pessoas capazes de desativá-las. Para a interrupção dos danos, objeto das ameaças, cobraram que não houvesse condenação criminal de Jair Bolsonaro na AP 2.668”, destacou o procurador-geral.
Bolsonaro fora da denúncia
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi investigado nesse mesmo inquérito pela Polícia Federal, mas acabou não sendo denunciado. Ele cumpre atualmente prisão domiciliar e está submetido ao uso de tornozeleira eletrônica, após ser condenado por diversos crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.
No início deste mês, o STF o considerou culpado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado.
Quem são os denunciados
Paulo Figueiredo, neto do ex-general João Batista Figueiredo, último presidente da ditadura militar, reside nos Estados Unidos e possui visto permanente de residência. Empresário e blogueiro, já havia sido denunciado anteriormente por sua atuação na difusão de notícias falsas ligadas à trama golpista.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, pediu licença da Câmara dos Deputados em março e também se mudou para os Estados Unidos, alegando ser alvo de perseguição política.
Se a denúncia for aceita pelo Supremo Tribunal Federal, ambos se tornarão réus no processo, que tem como relator o ministro Alexandre de Moraes, repetindo o modelo de responsabilização já visto no julgamento da tentativa de golpe.
Fonte: Agência Brasil