Estudo global alerta: uso precoce de smartphones pode afetar a saúde mental de jovens

Pesquisadores defendem políticas públicas que limitem o acesso de crianças às redes sociais e dispositivos digitais antes dos 13 anos

Imagem reprodução da web

Um estudo publicado no Journal of Human Development and Capabilities, conduzido pelos cientistas Tara C. Thiagarajan, Jennifer Jane Newson e Shailender Swaminathan, aponta que o uso precoce de smartphones está relacionado a impactos negativos significativos na saúde mental de jovens adultos. A pesquisa, baseada no Global Mind Project, analisou dados de mais de 100 mil pessoas de 18 a 24 anos em 163 países.

De acordo com o levantamento, crianças que receberam o primeiro smartphone antes dos 13 anos apresentaram, na fase adulta, menores índices de bem-estar mental, maior propensão a pensamentos suicidas, agressividade, distúrbios de sono e baixa autoestima. O efeito é mais acentuado entre meninas, com 48% relatando pensamentos suicidas quando tiveram o primeiro celular por volta dos 5 ou 6 anos, contra 28% entre as que receberam o aparelho aos 13 anos.

Os pesquisadores identificaram que a exposição precoce às redes sociais é o principal fator mediador desses efeitos — responsável por cerca de 40% da correlação entre idade e saúde mental. Outros fatores incluem relações familiares frágeis, cyberbullying e noites mal dormidas. A influência das plataformas digitais, segundo o estudo, ocorre por meio de algoritmos de recomendação, que exploram vulnerabilidades psicológicas e expõem jovens a conteúdos violentos, pornográficos ou ideológicos sem supervisão.

Leia o artigo completo aqui.

Um alerta para políticas públicas

Diante das evidências, os autores defendem uma resposta política urgente. O estudo propõe restrições ao uso de smartphones e redes sociais por menores de 13 anos, comparáveis às políticas de controle de álcool e tabaco. As medidas sugeridas incluem:

• Educação digital obrigatória sobre segurança e saúde mental antes do acesso às redes;

• Responsabilização das empresas de tecnologia por falhas no controle de idade;

• Bloqueio de acesso a redes sociais em dispositivos de menores;

• Limitação do uso de smartphones completos, substituindo-os por modelos “infantis” sem aplicativos e internet livre.

Segundo Thiagarajan, fundadora da Sapien Labs, a sociedade não pode esperar por provas definitivas para agir:

“Quando crianças apresentam esse nível de sofrimento mental, a intervenção não deve esperar. O princípio da precaução é não apenas adequado, mas necessário.”

O estudo conclui que a infância digital precoce está redesenhando o desenvolvimento humano e que a proteção das mentes em formação deve se tornar prioridade global — um desafio que exige cooperação entre governos, famílias e o setor tecnológico para garantir que o progresso digital não comprometa o futuro das próximas gerações.

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