Fazendas ilegais de gado devastam áreas protegidas no Pará

Relatório da Human Rights Watch denuncia grilagem, desmatamento e violação de direitos em terras indígenas e assentamentos amazônicos

Foto: Frame TV Brasil

Um relatório da Human Rights Watch (HRW) revelou que fazendas ilegais de gado devastaram grandes áreas da Amazônia paraense, em territórios que deveriam ser protegidos para garantir a sobrevivência de povos indígenas e pequenos agricultores.

O estudo, intitulado “Gado Sujo”, mostra que grileiros invadiram e desmataram terras do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Terra Nossa e da Terra Indígena Cachoeira Seca, no Pará, transformando florestas em pastagens ilegais e vendendo o gado produzido a grandes frigoríficos.

De acordo com a pesquisadora Luciana Téllez Chávez, da HRW, os agricultores que resistem às invasões sofrem ameaças e violência, e o governo federal ainda não removeu os ocupantes ilegais, mesmo ciente da situação. Desde 2019, quatro pessoas foram assassinadas por denunciar as atividades criminosas.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou que realiza ações judiciais para retomar áreas irregulares, mas as comunidades continuam sob pressão constante.

Especialistas alertam que a destruição dessas áreas acelera o colapso ambiental da Amazônia. Segundo Patrícia Pinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), “um ponto de não retorno ecológico e social já está em curso”.

A HRW recomenda a implantação nacional de rastreabilidade do gado para impedir fraudes e o escoamento de carne oriunda de áreas ilegais, além da recuperação das florestas degradadas e proteção efetiva às populações locais.

O caso reforça a urgência de políticas ambientais e de controle da cadeia da carne antes da COP30, que será realizada no Pará e colocará o estado no centro das discussões globais sobre clima e direitos humanos.

Fonte: Agência Brasil

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