Nova fase da Operação Sem Desconto leva à prisão de secretário-executivo do ministério, exoneração imediata e amplia cerco a esquema bilionário de descontos ilegais sobre aposentadorias
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| O senador Weverton (PDT-MA) e o número 2 do Ministério da Previdência, Adroaldo da Cunha Portal, que foi exonerado após ser presoImagem: Montagem UOL (Divulgação/Senado) |
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira, uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um amplo esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação resultou na prisão do secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, número dois da pasta no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo apuração, Adroaldo Portal foi colocado em prisão domiciliar e, poucas horas após a medida judicial, acabou exonerado do cargo. A decisão foi confirmada oficialmente pelo Ministério da Previdência Social, que informou que o procurador federal Felipe Cavalcante e Silva, atual consultor jurídico da pasta, assumirá a função de secretário-executivo.
A mesma operação também teve como alvo o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula no Senado, que foi submetido a mandado de busca e apreensão. O parlamentar afirmou, em nota, ter recebido “com surpresa” a ação policial e declarou que está à disposição para prestar esclarecimentos assim que tiver acesso integral à decisão judicial.
Além de Adroaldo Portal, a Polícia Federal prendeu Romeu Antunes, filho do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como um dos principais operadores do esquema e que já se encontra preso desde setembro. Outro detido foi Eric Fidelis, filho de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS. De acordo com a investigação, Eric teria recebido recursos, por meio de seu escritório de advocacia, de empresas ligadas ao núcleo comandado pelo lobista.
A nova etapa da operação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), e amplia o alcance das apurações sobre um esquema que, segundo a PF, teria movimentado cerca de R$ 6,3 bilhões em cobranças irregulares entre os anos de 2019 e 2024.
Antes disso, exerceu a função de secretário do Regime Geral de Previdência Social entre fevereiro de 2023 e maio de 2025. As investigações apontam que ele mantinha relação próxima com o senador Weverton Rocha e chegou a receber o lobista Careca do INSS em seu gabinete, fato que agora integra o conjunto de elementos analisados pela Polícia Federal.
De acordo com a Polícia Federal, o objetivo é aprofundar as investigações e esclarecer a prática de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário, além de ocultação e dilapidação de patrimônio.
A Operação Sem Desconto teve início em abril deste ano e já resultou no afastamento do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que acabou preso em novembro. As autoridades apuram como entidades e intermediários conseguiram realizar descontos ilegais diretamente nos benefícios de milhões de segurados, sem autorização válida, ao longo de vários anos.
As investigações seguem em curso, e novas medidas judiciais não estão descartadas.
Fonte: UOL
