Especialistas reforçam importância da alimentação equilibrada, atividade física e rastreamento precoce diante do aumento de casos no Brasil
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Médicos alertam para aumento de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos, como no caso de Preta Gil — Foto: Reprodução/TV Globo |
O câncer colorretal, segundo tipo mais frequente no país e o terceiro que mais mata, deve registrar 45,6 mil novos casos em 2025, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Até 2040, a estimativa é de crescimento de 20%, chegando a 71 mil diagnósticos anuais no Brasil, conforme a Fundação do Câncer.
Apesar do cenário preocupante, um estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) em parceria com a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) aponta que mudanças simples no cotidiano podem reduzir em até 30% o risco da doença. O levantamento teve apoio da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).
Seis pilares de prevenção
A pesquisa destacou seis medidas fundamentais para diminuir as chances de desenvolver o câncer de intestino:
* Alimentação balanceada: prato dividido em quatro partes — arroz e feijão ou macarrão; carne magra; verduras; e legumes.* Controle do peso: a obesidade é um dos principais fatores de risco.
* Atividade física: entre 40 minutos e 1 hora de caminhada por dia já traz benefícios.
* Não fumar e evitar álcool em excesso: substâncias químicas favorecem mutações no organismo.
Hidratação adequada: em média, até 3 litros de líquidos por dia, dependendo do peso e nível de atividade física.
* Evacuação regular: o ideal é não ultrapassar 48 horas sem evacuar, evitando contato prolongado da mucosa com substâncias cancerígenas.
“Seguir essas medidas ajuda a manter o funcionamento intestinal em equilíbrio. Fibras e água são essenciais para prevenir a constipação e reduzir riscos”, explica a coloproctologista Carmen Ruth Manzione Nadal, da SBCP.
Rastreamento e detecção precoce
Campanhas recentes da SBCP mostram que o rastreamento é decisivo na prevenção. Em 430 colonoscopias realizadas em 425 pacientes, foram detectados 224 pólipos, muitos com potencial de evolução para câncer. A média de idade foi de 57 anos, com maior incidência entre 55 e 64 anos.
Os resultados incluíram:
* 59,5% dos pólipos eram adenomas tubulares, com risco de malignização;* 5 casos de câncer identificados (1 em estágio inicial e 4 localmente avançados);
* 2 casos de tumores neuroendócrinos.
“Grande parte das lesões pode ser removida antes de se transformar em câncer. A colonoscopia é uma ferramenta poderosa de prevenção”, destacou o coloproctologista Hélio Moreira.
O que são pólipos intestinais
Os pólipos são pequenas lesões que crescem na parede do intestino grosso. A maioria é benigna, mas os adenomas podem evoluir para câncer colorretal. Normalmente, não causam sintomas; quando presentes, podem incluir sangue nas fezes, alteração no hábito intestinal e dor abdominal.
Jovens também em risco
Pesquisadores alertam para o aumento de casos em pessoas com menos de 50 anos. “Muitos jovens ignoram sintomas como sangue nas fezes ou dor abdominal. É crucial buscar atendimento médico diante desses sinais”, afirmou o professor da USP Fábio Guilherme de Campos.
Políticas públicas
Atualmente, entre 60% e 70% dos diagnósticos no Brasil acontecem em estágios avançados, o que reduz as chances de cura. Para especialistas, ampliar o rastreamento e investir em prevenção na rede pública é urgente.
“Se conseguirmos transformar essas estratégias em políticas nacionais, teremos impacto real na redução dos casos e das mortes por câncer de intestino”, defendeu o presidente da SBCP, Sergio Alonso Araújo.
Fonte: G1