Mudanças reduzem datas dos Estaduais, ampliam espaço para clubes menores e criam a Copa Sul-Sudeste
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Anúncio do novo calendário do futebol brasileiro. — Foto: Reprodução |
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou, nesta quarta-feira (1º), uma ampla reforma no calendário nacional a partir de 2026. As mudanças atingem diretamente os dois principais torneios organizados pela entidade: o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.
A decisão altera décadas de tradição no futebol brasileiro. O Brasileirão será iniciado em 28 de janeiro, dois meses antes do que vinha ocorrendo, e a Copa do Brasil terá, pela primeira vez, final em jogo único. Além disso, as quatro primeiras fases da competição passam a ser disputadas em apenas uma partida, eliminando o sistema de ida e volta nesse estágio inicial.
Calendário mais enxuto para clubes da Série A
De acordo com a CBF, a principal meta da reformulação é reduzir a carga de jogos para as equipes da Série A. Estima-se que cada clube terá seis a oito partidas a menos por temporada. Para viabilizar a mudança, os campeonatos estaduais também sofrerão cortes: passam a ter somente 11 datas, com início em 11 de janeiro e término obrigatório em 8 de março.
“O calendário anterior estava insustentável. Era como tentar colocar um elefante dentro de uma casinha de cachorro”, afirmou o diretor de competições da CBF, Julio Avellar.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, endossou a iniciativa: “Soluções difíceis exigem decisões difíceis. A CBF deu hoje um passo muito importante para que tenhamos um calendário que respeite plenamente a integridade dos atletas e valorize o futebol brasileiro em cada uma de suas particularidades”.
O presidente da entidade, Samir Xaud, destacou que as mudanças foram inevitáveis: “Tivemos que cortar na própria carne. Mas não havia mais tempo. As transformações eram necessárias. Acredito que foi a melhor escolha e vamos colher os frutos no futuro”.
Copa do Brasil ampliada e mais atrativa
A Copa do Brasil será reformulada em diversos pontos. O torneio passa de 92 para 126 clubes participantes, incluindo automaticamente todos os 20 times da Série A. Isso elimina riscos que já assustaram torcedores de grandes clubes, como o Botafogo, que em edições anteriores corria o risco de ficar de fora.
Outro ponto marcante será a final em jogo único, disputada em sede previamente escolhida pela CBF. A decisão será a última partida da temporada, coroando o calendário nacional após o término do Brasileirão.
As fases iniciais, até a quarta, serão todas em jogo único, aumentando o caráter eliminatório e imprevisível da competição. A partir da quinta fase, quando entram os clubes da Libertadores e da Sul-Americana, os duelos voltarão a ser de ida e volta.
Expansão para clubes menores e novas competições regionais
Um dos pilares da reforma é também garantir calendário mais amplo para equipes menores, que muitas vezes ficavam inativas por meses. A Série C será ampliada de forma gradual, saindo dos atuais 20 times para 28 até 2028. Já a Série D terá um salto expressivo, passando de 64 para 96 clubes, com mais rodadas e calendário mais extenso.
No campo regional, além da manutenção da Copa do Nordeste e da Copa Verde, a CBF criou a Copa Sul-Sudeste, que reunirá 12 clubes dos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A competição será disputada entre março e junho, junto com as demais copas regionais.
Vale destacar que clubes classificados para torneios continentais, como Libertadores e Sul-Americana, não poderão disputar as copas regionais, liberando espaço para equipes de médio porte.
Impacto da Copa de 2026 e ciclo até 2029
A mudança no calendário já leva em consideração a Copa do Mundo de 2026, que será disputada nos Estados Unidos, México e Canadá, e que vai impor uma paralisação de 55 dias ao futebol de clubes no Brasil.
O modelo estabelecido terá validade até 2029, abrangendo também eventos futuros que afetam diretamente o futebol brasileiro, como a Copa Feminina de 2027, a Copa América de 2028 e a Copa do Mundo de Clubes em 2029.
“Hoje anunciamos mudanças profundas e necessárias. Os objetivos são reduzir a carga de jogos dos grandes clubes e, ao mesmo tempo, ampliar as oportunidades para equipes que há muito tempo sofrem com meses de inatividade. É uma questão de justiça esportiva, equilíbrio e desenvolvimento sustentável”, declarou o presidente da CBF, Samir Xaud.
Supercopa do Brasil e ajustes finais
A Supercopa do Brasil seguirá existindo e está prevista para o dia 24 de janeiro de 2026, poucos dias antes do início do Brasileirão. Assim, a temporada será inaugurada oficialmente com essa disputa entre os campeões nacionais.
No geral, a reforma no calendário representa um dos maiores ajustes estruturais feitos pela CBF nas últimas décadas, impactando clubes de todas as divisões e regiões do país.
Fonte: UOL