Senador afirma que a direita teria “eleição resolvida” e critica postura do deputado; Eduardo rebate e diz que Ciro confunde “interesse pessoal com o do Brasil”
![]() |
Senador Ciro Nogueira (PP) - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasi |
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou, em entrevista ao programa Canal Livre da Band, que a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) causou um “prejuízo gigantesco” ao projeto político da direita para as eleições de 2026. Segundo o parlamentar, as estratégias estavam bem encaminhadas até as recentes ações do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Tínhamos uma eleição completamente resolvida. A atuação do deputado Eduardo Bolsonaro trouxe um prejuízo gigantesco para nosso projeto político”, declarou Ciro.
O senador, presidente nacional do Progressistas, disse que, apesar das dificuldades, acredita que a direita ainda pode se reorganizar para disputar o próximo pleito.
Eduardo rebate e fala em “sacrifício pelo Brasil”
Eduardo Bolsonaro respondeu às críticas por meio da rede social X (antigo Twitter):
“O prejuízo foi gigantesco para o seu plano pessoal, não se pode confundir o seu interesse com o do Brasil. Compadeço com o seu sentimento, pois também foi um grande prejuízo para mim. A diferença é que estou disposto a sacrificar os meus interesses pessoais pelo Brasil.”
Ciro replicou o comentário afirmando que “seu interesse é também o país” e garantiu não ter ambição pessoal:
“Nunca quis ser mais do que sou.”
Críticas ao STF e elogios a Lula pelo “timing político”
Atualmente nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro segue denunciando o que chama de “abusos e perseguições” do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes.
Ciro Nogueira, por sua vez, avaliou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu beneficiado com o embate entre o STF e o bolsonarismo.
“Lula ficou muito feliz com essas sanções, pois elas aumentaram sua popularidade”, afirmou o senador, embora tenha elogiado a retomada recente do diálogo entre Brasil e Estados Unidos.
Mandatos no STF e perfil técnico para futuras indicações
Durante a entrevista, Ciro também foi questionado sobre a proposta de instituir mandatos fixos para ministros do STF. Ele defendeu a manutenção da aposentadoria compulsória aos 75 anos, mas ressaltou que sua maior preocupação é o perfil das futuras indicações.
“O importante é saber se Lula levará ao Senado um nome técnico, escolhido sem motivação ideológica”, disse.
MP da Taxação e atuação de Tarcísio de Freitas
O senador também comentou a Medida Provisória da Taxação, que previa a criação de novos impostos e acabou caducando no Congresso. Segundo Ciro, não há indícios de que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) tenha articulado pessoalmente contra a proposta, embora tenha sido agradecido publicamente pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
“Acho que o agradecimento veio por conta da postura firme de Tarcísio contra o aumento de impostos, mas duvido de uma articulação direta dele”, avaliou.
Após a queda da MP, o ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou que poderá sugerir a Lula o corte de R$ 10 bilhões em emendas parlamentares, para compensar parte dos R$ 17 bilhões que seriam arrecadados.
Defesa das emendas parlamentares e críticas ao governo federal
Ciro Nogueira defendeu as emendas parlamentares e disse ser “inaceitável” cogitar sua extinção.
“Em hipótese nenhuma podemos ser contra as emendas. Estados como o Piauí não vivem sem elas”, afirmou.
O senador destacou que a disputa real é por quem controla esses recursos:
“Ninguém quer acabar com as emendas, o problema é quem manda nelas. O governo quer centralizar o controle para aumentar seu poder sobre o Congresso”, criticou.
Encerrando a entrevista, Ciro reforçou que o campo da direita “continua forte”, mas precisa reorganizar-se internamente para chegar unido a 2026.
Fonte: Gazeta do Povo